Se reinventar para enfrentar a crise
Dizem que para ultrapassar um período de recessão é preciso ter coragem de tirar a letra “s” da palavra crise. Ela se tornará “crie”.
As melhores estratégias adotadas por empresas foram tomadas em períodos de dificuldade global.
Aliás, as melhores gestoras e gestores aparecem nestes momentos.
Quando o dinheiro está curto, quando o cliente não aparece na loja, quando as vendas não acontecem, com certeza é o momento em que você observa que tudo poderia ser diferente e melhor.
É aí que você vê que sua equipe pode fazer muito mais coisas do que você achava que eles eram capazes.
Nessas horas aquele capital de giro pode comprar insumos melhor negociados do que você já comprava.
Observa-se que parte de sua empresa já poderia funcionar de maneira remota, com home office, há algum tempo.
E quanto aos custos? Quando são otimizados percebem-se melhorias das mais diversas que já poderiam ser feitas antes de qualquer adversidade chegar.
A Coca-Cola, na segunda guerra mundial, descobriu por meio de cartas que os soldados norte-americanos lutavam, além do patriotismo, pelo simples fato de poder tomar uma Coca-Cola em um momento comum.
Sendo assim a empresa levou o produto aos campos de guerra e concentração ao mesmo preço vendidos nos pontos de venda dos EUA.
Não só para fazer gosto do seu consumidor, mas para aproveitar uma oportunidade de mercado.
Estratégia arriscada? Sim!
Mas seria mais cômodo esperar o período passar do que levantar e agir, não é mesmo?
Importante: não confunda criatividade e oportunidade de mercado com oportunismo barato. São coisas distintas.
E já que falamos em dinheiro e Coca-Cola, é importante lembrar que investimento em comunicação e marketing não são gastos, como alguns insistem em dizer.
Estudos de mercado, nacionais e internacionais, sempre apontaram que toda empresa que mantém verba de comunicação e marketing nos períodos de crise, depois das turbulências, crescem muitas vezes até 5% acima dos concorrentes e é largamente mais lembrada do ponto de vista de suas marcas e da presença que passam a ocupar.
Isso acontece porque, mesmo diante das dificuldades e do ponderamento do consumidor, as pessoas continuam consumindo, fazendo crediário, adquirindo serviços e se divertindo na medida do possível.
Neste momento de reinvenção que seu comércio entra!
É agora que você precisa ter seu empreendimento melhor exposto, com uma promoção inteligente, com um site e-commerce bem desenvolvido, com anúncios digitais adequados, redes sociais alinhadas etc.
É agora a hora de fazer aquela manutenção para retomada, organizar tabelas de possíveis clientes a serem trabalhados, organizar listas de clientes antigos que podem ser prospectados novamente, enfim.
Muita coisa pode ser feita.
Mas é óbvio que ficar parado é mais fácil. Sempre foi.
É sempre mais fácil colocar a culpa na crise de 2008, 2016, 2018, na crise da água, na paralisação de caminhoneiros, na covid-19 e em todas as outras que já apareceram e nas próximas que surgirão.
Fique em casa se puder, crie novas ideias, estude, se aperfeiçoe e saia da caixa dos padrões.
O momento de se reinventar é agora!
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Nossa 3ª Guerra
Em meados de 1945, depois de 4 anos na Índia e 2 anos na Inglaterra como prisioneiro de guerra, meu avô paterno voltou para sua casa, na região de Lazio, Itália.
Irreconhecível, sujo, muitos quilos a menos, surpreendeu minha avó, que pensava que se tratava de algum morador de rua.
Na 2ª Guerra Mundial, homens e mulheres (na maioria homens), precisavam se alistar, combater e participar, sem concordar ou aderir.
Tinha que ir e pronto!
Nos campos de concentração, meu avô e outros prisioneiros viviam em condições precárias.
Insetos e outros pequenos animais eram complemento ou o cardápio de suas refeições.
Ouvi por muito tempo meus familiares contarem isso.
Eu não o conheci pessoalmente, morreu antes de meus pais se casarem.
Retorno hoje para 2020, período em que vivemos uma guerra sem armas, que nos exige um alistamento e comportamento diferente daquilo que rolava no passado.
Não é possível viver de novo o que aconteceu em nossa história, mas podemos refletir.
Não há arma ainda capaz de combater o vírus e por fim nesta quarentena.
A solução criada para evitar sua proliferação é o isolamento social.
Essa nossa 3ª Guerra atinge todas as pessoas, não nações específicas, nem classes sociais.
Não há arma, investimento militar ou dinheiro possível que possa deter o avanço.
Hoje, o inimigo é pequeno, invisível, microscópico.
No passado, quantas pessoas se apresentavam para o combate no “front” e não voltavam mais para seus lares?
Na guerra atual temos uma chance de evitar mais mortes: fazer nossa parte, ficar em casa e enfrentar, com isolamento, a propagação da covid-19.
O enfrentamento do momento é conhecer nossa mente, nossos pensamentos, nossos limites, nossos vilões emocionais, nossas relações com as pessoas e com o mundo.
Ficar em casa também é uma oportunidade única de conhecer melhor seus pares e a si mesmo.
Aproveite este tempo também para arrumar suas coisas (emocionais e físicas), conserte, trabalhe, discuta, desculpe, perdoe, chore, ligue, abrace virtualmente, mas acima de tudo, ame!
Crianças não verem seus avós, e adultos não verem seus pais e amigos, trata-se de um ato de amor.
Por amor as pessoas não precisam deixar suas casas (como se fazia nas guerras do passado), e sim, ficar nelas.
Se no passado, para preservar os avós, crianças e mulheres, os alistados e alistadas tinham que odiar e matar (ou morrer por) um semelhante de uma outra nação, hoje, para resguardar nossos pais e idosos, precisamos, “simplesmente”, nos isolar.
Tempos difíceis virão, mas nem se comparam a dor das complexas travessias emocionais que as guerras do passado promoveram.
Ter paciência e combater a ansiedade são, por enquanto, munições básicas para o momento.
Vamos em frente, até porque tempos difíceis fazem mulheres e homens fortes.
E mulheres e homens fortes farão tempos mais fáceis.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.