Mercado de apostas online: propaganda, redes sociais e contravenção
No Brasil alguns fatos são muito curiosos: pela constituição, é vedada a comercialização de qualquer produto que seja nocivo à saúde.
O cigarro, por exemplo, com comprovados danos químicos ao cidadão, não foi proibido em sua comercialização, mas a publicidade sim. Propaganda em TVs, padarias, revistas, rádios, entre outras mídias, deixaram de faturar com as empresas de tabaco.
Assim como o cigarro, a ingestão de bebida alcoólica também faz mal à saúde. E o pior, mortes no trânsito e feminicídios acontecem de forma multiplicada por conta do uso excessivo do álcool. Ao contrário do cigarro, sua propaganda não foi proibida, apenas é acompanhada da mensagem: “proibida a venda para menores de 18 anos”.
Eis que chegam a era das Bets.
No Brasil, os jogos de azar, o jogo do bicho, bingos, caça níqueis e agora as Bets, nunca foram estruturadas da forma legal.
Porém, nos últimos dias, o governo federal emitiu uma lista onde não reconhece algumas marcas grandes de casas de apostas, como a Esportes da Sorte e BetVip, por exemplo.
O curioso, assim como o cigarro e as bebidas alcoólicas que marcaram época, dessa vez, são as Bets que estão estampando campanhas com influencers nas redes sociais e na grande mídia, além de patrocinarem a maioria dos times de futebol do país.
O brasileiro gasta cerca de R$ 23,9 bilhões com jogos e apostas online no país, segundo estudo macroeconômico realizado pelo Banco Itaú.
Até casos de uso do cartão do bolsa família para apagar apostas tem sido relatado, o que mostra um cenário delicado de claro incentivo às apostas e até vício e descontrole por parte dos cidadãos.
Também nas últimas semanas, operações deflagradas pela polícia federal têm colocado holofotes sobre empresários envolvidos com contravenção. De jogo do “Tigrinho” propagado por influencers à lavagem de dinheiro, figuras conhecidas como a advogada Deloane Bezerra e o cantor Gusttavo Lima também foram alvos das investigações.
Em um país com baixa escolarização como o nosso, sem dúvidas a propaganda – por mais artística, poética e disruptiva que seja – acaba sendo um movimento forte de incentivo, seja na ingestão de bebida alcoólica, uso de tabaco ou mesmo nas apostas.
Isso não significa que o cidadão não possa fazer suas escolhas e investir seu tempo, dinheiro em saúde no que bem entender.
Todavia, em termos de preocupação com a sociedade como um todo, no Brasil, faltam leis claras e regulações adequadas que coloquem limitação nas propagandas de determinados segmentos, e claro, que também seja rígida no controle de impostos, na análise da origem do dinheiro das mesmas e a clara regulação do mercado para que a diversão não acabe na ruína e tragédia para as famílias brasileiras.
*Antonio Gelfusa Junior é publicitário e especialista em redes sociais.
Marçal, violência e a sociedade do espetáculo
Nos últimos meses, as eleições municipais têm apresentado um comportamento mais violento do que as anteriores, em especial em São Paulo, com a candidatura inédita de um coach e influencer chamado Pablo Marçal.
Nos últimos dias, inclusive, após as provocações de Pablo Marçal, do PRTB, o apresentador e também candidato José Luiz Datena, do PSDB, atirou um banco/cadeira no coach. Isso tudo ao vivo, transmitido pela TV Cultura.
Obviamente, por vivermos em uma sociedade do espetáculo – que é altamente influenciada por entretenimento, reality shows e redes sociais –, o fato virou meme. O agressor e agredido, Pablo Marçal, transformou sua ida estratégica ao hospital em cenas de dar inveja a qualquer série médica hollywoodiana.
A campanha destes tipos de personagens procura usar um recurso que tem ganhado projeção nos últimos anos: os cortes rápidos – que visam apresentar o postulante como articulador, intelectual e ativo nas respostas. Ao menos tenta.
Marçal já foi condenado e é também investigado pela justiça por abuso de poder econômico por estimular um campeonato de cortes com alta remuneração antes do período permitido por lei.
A pergunta que faço é: aqueles comentários vistos na página dele e de outros candidatos são verdadeiros? E quanto às visualizações e seguidores?
No Brasil e na maioria dos países do mundo, há uma indústria de venda de comentários, curtidas e seguidores para as principais redes sociais como Youtube, Instagram, Facebook e TikTok.
É possível, por exemplo, por R$ 100,00 comprar 1000 seguidores. Pelo mesmo valor, é possível comprar 100.000 visualizações em um vídeo.
Talvez o que você esteja vendo, nas redes sociais, sejam, na maioria, números fabricados e não construídos só de forma orgânica – termo usado para a audiência real e não comprada.
Faça o teste: veja os vídeos no Youtube e Instagram de sabatinas e repare nos comentários em posts de candidatos. Abra cada um deles. Atente para a quantidade de perfis que não existem, que não apresentam imagens e nem comentários.
No submundo das redes sociais, que conta com perfis fake, crimes dos mais diversos são cometidos porque não há uma regulação de redes sociais séria. O intuito de quem comercializa o “show” é favorecer ou desfavorecer a imagem de um produto, serviço, ou mesmo, de um candidato.
Às vezes aquele comentário que elogia ou ataca, foi feito por mais de 100 contas diferentes, porém, por uma mesma pessoa ou robô.
Em uma pesquisa realizada com 20 países, o Brasil está em último lugar sobre a capacidade dos adultos em diferenciar uma informação falsa ou verdadeira nas redes sociais. E se 80% dos brasileiros só se informam por redes sociais, imaginem o buraco que estamos criando para nossa sociedade.
É a primeira vez que São Paulo vê um postulante que não é morador da cidade chamar oponentes de “cheirador”, “aspirador de pó”, “Jack”, entre outros adjetivos e palavrões.
Nem as emissoras estavam preparadas para essa escalada violenta. Muitas precisaram alterar as regras dos debates – o que não evitou a cadeirada.
Quem for comandar a cidade mais importante do país, seja um candidato condenado por roubar bancos ou um candidato atirador de bancos, vai precisar de educação e respeito aos eleitores, seja nas ruas, na televisão ou nas redes sociais.
*Antonio Gelfusa Junior é professor, publicitário e especialista em comunicação digital.
Regular é preciso!
Você pode entrar em um avião, sentar no banco do piloto e voar na hora que bem entender?
E sobre um plano de saúde, você poderia abrir um comércio e abrigar uma operadora da forma que achar conveniente?
E quanto às telecomunicações? É possível criar uma empresa de telefonia rapidamente e atuar em todos os estados brasileiros sem nenhuma autorização ou validação?
A resposta para as perguntas acima é não, obviamente.
ANAC, ANS e Anatel são as agências que fazem a regulação da aviação civil, saúde suplementar e telecomunicações, respectivamente.
Segmentos organizados costumam ter regulação, até mesmo para que haja um padrão a ser seguido com modelos desejados de conduta, comportamento, ações técnicas, fiscalização e uma série de condições peculiares.
No Brasil e no mundo, atualmente, discute-se a regulação das redes sociais. Um debate amplo vem sendo construído nos últimos anos sobre os prós e contras. Na Europa, por exemplo, a Lei de Serviços Digitais já é uma realidade.
Infelizmente, consequências desastrosas em nossa sociedade, como: suicídio, violência, racismo, bullying e depressão, têm sido constantes por conta de situações que, na maioria das vezes, iniciam nas redes sociais e em sua falta de controle e políticas adequadas.
Na Flórida, nos EUA, o TikTok foi proibido para crianças de até 14 anos. A lei foi uma das medidas realizadas para proteger os jovens dos possíveis riscos à saúde mental e à falta de segurança nas plataformas sociais.
Criminosos, que são fabricantes de fake news, se aproveitam de tragédias, polarização política, vida dos famosos e temas polêmicos para distribuírem seus conteúdos.
A sensação de que as redes sociais são ambientes escondidos, inatingíveis e impunes também favorece esse tipo de conduta. Afinal, não é preciso documento oficial para registrar uma conta nova – você pode, inclusive, ter quantos perfis quiser.
E os cidadãos, que não contam com uma educação midiática para lidar com essas informações e checagens de fatos, acabam por sofrer no processo.
Em recente pesquisa do Instituto Locomotiva, 90% da população brasileira admitiu ter acreditado em conteúdos falsos.
Já sobre as big techs, Facebook, Instagram e WhatsApp, juntas, lucraram R$ 193 bilhões em 2023. Somadas ao YouTube, TikTok e X, são as redes mais questionadas em políticas de combate aos algoritmos nocivos, falta de agilidade na remoção de perfis falsos ou mesmo ações que possam banir golpes realizados através de anúncios.
Até 2026, imagina-se que 90% do conteúdo online seja gerado artificialmente – muito por conta do acesso dos APPs, sites e plataformas de inteligência artificial.
E é por conta de fatores como esses que a desinformação está em segundo lugar como preocupação global atual, perdendo apenas para os eventos climáticos extremos.
Os dados não mentem e é preciso ações firmes regulatórias para permitir um ambiente saudável para a sociedade, com regras estabelecidas para que todos possam estar protegidos.
*Antonio Gelfusa Junior é professor, publicitário e especialista em comunicação digital.
Don´t cry for me, Argentina
Uma das músicas mais emblemáticas da história, “Não chores por mim, Argentina”, faz parte do albúm Evita, escrita pelo músico e compositor Andrew Lloyd Webbe em 1976.
O albúm virou um musical mundial que conta a história de Evita Perón – a dama da esperança do povo Argentino – que ficou eternizada em vozes como Madonna, Sarah Brightman, Olivia Newton-John, entre muitas outras.
Falando em “choro”, na Argentina, inclusive, o presidente Lula e o ministro da Fazenda Fernando Haddad, estiveram presentes, recentemente, em uma série de compromissos. Em um dado momento foi abordado a possível criação de uma moeda entre Brasil e o país.
Sem ao menos saberem os detalhes, bolsonaristas radicais e fanáticos prontamente fizeram críticas e promoveram aquela natural enxurrada de reprovação regada a muita fakenews.
Já os Lulistas radicais e fanáticos, sem ao menos entenderem do que se tratava a amplitude do tema, saíram em defesa da tal moeda e de Lula, obviamente.
O curioso do fato é que em março de 2019, há 4 anos, o então presidente Jair Bolsonaro e seu ministro da Fazenda Paulo Guedes, também visitaram a Argentina e discorreram sobre a tal moeda.
Na época, Bolsonaro e Paulo Guedes defenderam com veemência a ideia.
O curioso é que na ocasião da viagem, os lulistas fanáticos diziam que se tratava de um absurdo, que não fazia sentido algum uma moeda única e que a economia da Argentina estava frágil.
Ao contrário dos lulistas, os bolsonaristas fanáticos diziam que era o tal do livre comércio e que o então presidente estava criando boas relações no exterior. Diziam que o país estava recuperando a sua devida importância no cenário internacional, etc.
Discursos idênticos, não?
Tanto da situação quanto da oposição.
Esse é só mais um diagnóstico constatado da tal indignação seletiva.
Como funciona: se uma ideia é de alguém que eu gosto, de alguém que defendo ou de alguém que sou “cegamente apaixonado”, essa ideia vale e está aprovada.
Do contrário, não vale!
O fanatismo impede até um estudo mais aprimorado e abertura mental para o conhecimento.
Além da maioria dos que criticaram não terem uma formação mínima em economia, esse povo nem foi buscar mais dados sobre se a moeda valeria na América Latina inteira, que as moedas Real e Peso continuariam existindo, que demoraria até 5 anos para a total implementação, etc.
Parte considerável da sociedade rasa em que vivemos não quer se informar adequadamente sobre algum assunto.
E mesmo assim, querem o título e o reconhecimento como se fossem especialistas em economia e política.
Contato com radicais e extremistas se evita – neste caso, sem trocadilho com a Evita, a Perón Argentina.
* Antonio Gelfusa Junior é publicitário e professor do SEBRAE.
Foto: Divulgação.
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Bolsonaro elegeu Lula
Em 2018 a vontade das urnas brasileiras elegeu Bolsonaro para presidente da república.
Ele jamais havia sido eleito para um cargo do executivo em sua história.
Jair Bolsonaro foi vereador e deputado federal. Trajetória, inclusive, parecida com a de Lula, que antes de se tornar presidente em 2002, tinha apenas uma única passagem na câmara federal e também não havia ocupado qualquer cargo no poder executivo.
Bolsonaro, com sua força nas redes sociais e discursos antagônicos somados às frustrações promovidas pelo PT no período de 2002 a 2016, recebeu – no colo – a eleição de 2018.
O prenúncio da polarização entre esquerda e direita já dava suas caras na eleição de 2014 com o embate de Dilma Rousseff e Aécio Neves.
O calor da mídia, o espetáculo promovido pela lava-jato e a prisão de Lula – ao longo dos anos – ajudaram Bolsonaro a ter a liderança de ponta a ponta daquela eleição.
Petrolão, mensalão, loteamento de cargos ao centrão e aparelhamento de estatais foram um dos motivos do descrédito do PT em suas gestões.
O último governo do PT, por exemplo, foi desastroso. Terminou com o impeachment de Dilma Rousseff. Não por corrupção, mas por pura inabilidade política.
A frustração com o PT no país abriu espaço para o crescimento de uma corrente oposta: o bolsonarismo.
Com personalidade forte, Bolsonaro foi eleito bem ao seu estilo: ríspido, estúpido e com muitos discursos altamente conservadores.
Porém, em pouco tempo, o governo de Jair Bolsonaro, de direita, se mostrava parecido com os últimos governos de esquerda.
Logo a gestão atual se envolveu em escândalos, se alinhou ao centrão, loteou cargos para a base aliada e, rapidamente, estava nos braços de símbolos da corrupção brasileira como Valdemar da Costa Neto, Roberto Jefferson, Fernando Collor de Mello e Eduardo Cunha – curiosamente parceiros do PT e de Lula nos anos anteriores.
Mas algo foi vital na derrocada do atual governo.
Sem dúvidas o tendão de aquiles foi a covid-19.
Além de diminuir e negar a pandemia, o presidente receitou – como se médico fosse – remédio sem eficácia, atrasou propositalmente a aquisição de vacinas e deixou à frente da pasta da saúde alguém sem qualquer conhecimento técnico.
Sua rejeição está totalmente ligada à falta de empatia pelos mortos e pelo execrável sadismo de imitar pessoas com falta de ar.
Qualquer povo deseja ouvir de um chefe de estado palavras de conforto, ainda mais em uma situação atípica sem precedentes.
Bolsonaro fez totalmente o contrário do que é recomendado por qualquer assessor político e analista de comunicação – por mais “meia boca” que fosse.
Resultado: se tornou o primeiro presidente a não conseguir uma reeleição após a redemocratização.
Não que uma reeleição seja algo bom. Muito pelo contrário.
Democracia saudável é aquela que alterna poder.
Mas o recado foi dado nas urnas, mais uma vez.
Erros graves na condução política entregam – de bandeja – uma eleição ao adversário, por mais rejeitado que ele também seja.
Polos EADs são as novas paleterias
Nos últimos 10 anos o número de ingressantes na modalidade EAD quadriplicou e, desde fevereiro de 2022, são mais alunos no modelo à distância em relação aos do presencial.
Essa marca estava prevista para ser atingida apenas em 2025, mas com a pandemia, o processo foi acelerado.
Temos visto uma franca expansão das unidades educacionais transformando – o que deveríamos chamar de escolas de ensino superior – em polos comerciais de educação à distância.
São muitas marcas de instituições buscando este posicionamento: Anhembi Morumbi, Cruzeiro do Sul, FMU, Estácio, entre outras.
Algumas escolas de menor porte no segmento também disputam esse share digital.
Acontece que muitos desses polos, além de não ter o preparo e infraestrutura para receber público, não contam com a presença de coordenadores pedagógicos ou professores – a tal equipe técnica – na maior parte do tempo.
Isso sem falar que o espaço de uma universidade deve oferecer ao estudante a convivência com outros colegas, interação com demais cursos, desenvolvimento político e civil, identidade de grupo, amadurecimento das relações humanas, entre outras situações que são impossíveis de acontecer – com a profundidade necessária – através de uma tela de computador.
É triste saber que estamos chamando de escola um lugar sem os itens imprescindíveis acima.
Destacadas marcas líderes do cenário educacional também adotaram um modelo híbrido (parte presencial e parte EAD). Uma forma de encaixar um percentual das aulas no formato online, reduzir fluxo de alunos, otimizar custos e escalar o potencial de vendas.
Ninguém gosta de comentar, mas os percentuais de audiência das aulas online são desastrosos.
Os alunos em boa parte das vezes não estudam e fazem avaliações copiando as respostas em uma aba paralela no Google – isso quando o fazem.
Nas especializações EAD o horizonte já é diferente. Essas sim contam com números de melhor performance – até mesmo por conta da idade e a maturidade do indivíduo matriculado.
De qualquer forma, a verdade é que esse modelo atual não consegue entregar educação de qualidade.
E quanto aos docentes neste novo cenário?
Ora, a maioria deles são alocados em condições de remuneração cada vez mais ofensivas, vendendo – numa única vez– o direito autoral de seus conteúdos para as aulas digitais que podem ser transmitidas para milhares de pessoas.
Quem lucra de verdade são as instituições é claro – que atualmente estão mais preocupadas em abrir capital na bolsa do que entregar um ensino responsável.
O Brasil sempre viveu a febre de empresas “modinha” em nosso modelo econômico volátil.
Já foi a época de ter em cada esquina hamburguerias, temakerias ou mesmo as famosas paleterias mexicanas.
Parece que chegou a vez das “EADerias”!
Devido a falta de estrutura e qualidade nos ambientes digitais e presenciais, fica muito difícil acreditar que o final desta saga será de bonança.
O mais provável é o natural definhamento que já aconteceu com outros segmentos, inclusive.
Historicamente só resistiram a esse tipo de explosão comercial empresas de trabalho sério, onde a qualidade ficou à frente da lucratividade desenfreada.
Nossa educação, que nunca foi das melhores, infelizmente deve assistir – e de camarote – um dos tempos mais tristes na formação de profissionais da história.
* Antonio Gelfusa Junior é publicitário, especialista em educação de ensino superior e professor do SEBRAE-SP.
Independência é o escambau!
A história mostra, desde os portugueses, que 7 de setembro é dia do passador de pano, do gado, do mortadela, do paga-pau!
O Brasil, que era dos índios, hoje têm seus representantes: os corruptos e os fanáticos!
Manifestam porque perderam base e aceitação, mas calma, são apenas lunáticos.
Ahhhh, e esse povo achando que algum presidente é salvador?
Amigo, desculpe desapontar, mas político é sustentado com nosso dinheiro. Não é Deus, é apenas um servidor.
O atual e o ex-presidente prometem matar – dos filhos da nação – a fome e acabar com a corrupção.
Mas são de seus legítimos nascidos que vemos a fartura, a riqueza e aquela bacanuda e milionária mansão.
Gasolina cara, que só vai pra cima.
Sabe quem é o culpado? Óbvio: o inábil e incompetente genocida.
E não adianta amenizar os gastos com carro flex.
Com forte promessa o Brasil deve “voltar aos trilhos” com o tal cara mais honesto do país, aquele lá do triplex.
“Fake-news”, “negacionistas”, “coxinhas”, “comunistas”, esse é o novo vocabulário.
Foi bem criado para ajudar políticos de estimação que só fazem você de otário.
É sobre isso.
Um Brasil rachado, da rachadinha.
7 de outubro é dia de orgulho, mas não consigo ficar calado, não sossego.
Até porque Lula e Bolsonaro eu nunca votei, essa culpa eu não carrego.
O dia que o nosso povo acordar aí sim será independente.
Já pensou?
Um país maravilhoso sem vagabundos que mentem?
Já quero!
Jovens prodígios
Flávio Bolsonaro e sua esposa compraram uma mansão de 5,9 milhões de reais.
Ela tem 1.000 metros quadrados e uma piscina bacanuda.
50% foi financiado pelo Banco de Brasília para pagar em 30 anos.
Informação confirmada pela CNN e revelada pelo site o Antagonista (aquela mídia que Jair Bolsonaro adorava compartilhar informações, mas que agora odeia).
Flávio é investigado no escândalo das rachadinhas – que é caracterizado pela devolução de parte dos vencimentos de servidores –, prática essa infelizmente comum nos gabinetes de parlamentares Brasil afora.
Fico pensando aqui que com salário de R$ 25 mil reais, como senador – e mesmo tendo uma franquia de negócios (desde 2015) – se os padrões se justificam.
Não, né?
R$ 25.000,00 X 12 meses = R$ 300.000,00.
Com 3 anos de mandato como senador teria juntado R$ 900.000,00 caso não tivesse mexido em nenhum recurso desde então.
Até mesmo somados a outros anos como deputado e o apoio da esposa na compra, essa conta não fecha.
Sem falar que trata-se de um parlamentar com sérios problemas na justiça há algum tempo.
Com tantas investigações e escândalos, ainda temos – completados recentemente – um ano ativo de pandemia.
Acredito que qualquer elevação patrimonial nestes moldes, num momento como esse, é minimamente imoral para qualquer político.
Não dá para tapar o sol com a peneira porque já vimos esse filme.
Você aí do outro lado – que já defendeu sítio em Atibaia, Triplex no Guarujá e palestras de R$ 400 mil – hoje está consternado, confere?
Vi gente que aqui também já repudiou esse padrão de vida megalomaníaco dos políticos e de seus filhos nos tempos pretéritos, mas hoje defende o “direito ao progresso” do primogênito do ‘mito”.
“Lula sabia de tudo e Bolsonaro não sabia de nada”.
“Lula não sabia de nada e Bolsonaro sabia de tudo”.
Seja lá o lado que você está, só sei que os pais destes filhos devem estar muito orgulhosos da evolução patrimonial dos mesmos.
Jovens prodígios que fala, né?
Um brinde com champanhe na piscina e sem aglomerações (apenas para os mais pobres).
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Covas ou Boulos?
Confira abaixo o editorial deste mês
Covas ou Boulos? — O segundo turno em São Paulo será mais curto.
No próximo domingo os paulistanos vão decidir o futuro da administração pública municipal nos próximos 4 anos.
De um lado, Bruno Covas, PSDB, que tenta reeleição.
Do outro, Guilherme Boulos, PSOL, chegando em um segundo turno de eleição pela primeira vez na história.
Bruno Covas carrega o histórico do PSDB de abandono das prefeituras em São Paulo. Foi assim com José Serra e João Dória, ambos do mesmo partido. Deixaram a prefeitura para concorrer ao Governo do Estado de SP, mesmo ambos dando a palavra que não o fariam.
Bruno é neto do ex-prefeito e governador de SP, Mário Covas. Está na vida pública há anos como vereador, deputado e vice-prefeito, assumindo recentemente na saída de Doria. Covas tem o apoio do centro e centro-direita.
Bruno Covas luta contra um câncer e tem procurado mostrar através de suas propagandas que está bem para seguir em frente. No período de seu tratamento a cidade foi comandada pelo presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Eduardo Tuma. Recentemente, por conta da pandemia, atuou no problema de maneira singular e tem usado essa postura de enfrentamento em sua campanha.
O candidato à vice-prefeito na chapa de Covas é Ricardo Nunes, ex-vereador. Carrega liderança na igreja católica e movimento de empresários na Zona Sul da cidade. A insegurança de uma investigação por violência doméstica e desvio de verbas das creches em SP tem pautado os últimos debates e informações sobre seu nome.
Guilherme Boulos tem 20 anos de participação de movimentos populares por moradias. Carrega em seu histórico o apoio à política de esquerda. Esteve junto à Lula por diversas vezes.
Boulos foi candidato à presidente pelo PSOL em 2018 e cresceu como alternativa para à esquerda e centro-esquerda na cidade, uma vez que o terreno ocupado pelo PT e outras frentes similares foram sendo esvaziadas de 2016 para cá.
Professor e filósofo, Boulos mora na periferia e deseja dar voz aos extremos e camadas mais pobres da maior cidade do Brasil. Em sua campanha, tem lutado para desmistificar as ocupações promovidas ao longo de sua trajetória, justificando-as por serem realizadas em terrenos e propriedades inativas e com dívidas ao governo.
A candidata à vice-prefeita na chapa de Guilherme é Luiza Erundina. Primeira prefeita eleita de SP, Erundina carrega histórico parlamentar como deputada e atuação positiva aos professores e movimentos de mutirões e moradias populares.
Ao que tudo indica, os votos de Márcio França devem ser diluídos aos dois, meio a meio. Jilmar Tatto deve transferir os votos ao Boulos, pela identidade política dos partidos. Já os eleitores de Arthur do Val devem depositar a confiança em Covas.
Resta saber como se comportarão os votos de Russomanno.
Se Covas se aproximar da periferia, talvez amplie a vantagem sobre Boulos.
Se Boulos, agora com mais espaço na mídia, explorar os ruídos sobre o vice de Covas e conseguir ganhar a confiança dos eleitores dos extremos da cidade, talvez surpreenda.
Em duas semanas saberemos se os paulistanos vão optar por manter tudo do jeito que está ou apostar em uma nova corrente política na cidade.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Eu curto boas histórias
Eu curto boas histórias.
Mas nem sempre elas são bonitas.
Muitas são bem dolorosas.
Ao longo desses 37 anos de vida, 22 anos trabalhando com comunicação (agências e redação) e 14 anos em universidades, acredito que os bens mais preciosos que fui adquirindo ao longo desse tempo, em contato com pessoas, foram as histórias ouvidas, trocadas e colecionadas.
Posso afirmar que na maioria das situações tristes compartilhadas do cotidiano, que apresentam conflitos familiares, são relacionadas aos problemas enfrentados pela paternidade nos lares.
Homens desequilibrados e imaturos que agridem (física e emocionalmente), batem, xingam, matam, fogem, se entregam a vícios, enfim.
Muitos vivem de impor uma imagem de heterossexualidade “forte”, mas na verdade estão bem longe de suas funções básicas – se amedrontaram diante do propósito.
Se você costuma falar com as pessoas, já deve ter ouvido muitas dessas situações por aí dos tais “homens de verdade”.
Quantas mulheres, filhas e irmãs, precisaram ser mais fortes do que já são, assumindo papéis que não eram delas.
Aí chega ao ar essa pertinente campanha publicitária da Natura mostrando Thammy Miranda como pai.
Existe uma grande parcela das pessoas chocadas com isso.
A verdade é que um casal fora do padrão, que seja gay, trans, enfim, não pode adotar e dar amor a uma criança.
Mas héteros podem fazer filhos, abandonar e entregar ao sabor da vida.
Eu penso que, se a partir do momento que a exteriorização do amor de um homem transsexual para com uma criança – seu filho, lhe causa indignação, é muito provável que você precise de ajuda.
Eu não consigo acreditar que o amor incomode tanto, sério.
Ele tem que fazer bem!
Ninguém está pedindo para você aceitar, se não quiser, mas respeitar é obrigação de todos.
Se te incomoda a ponto de destilar ódio você está com sérios problemas.
Você não está conseguindo amar, infelizmente.
O curioso é que muitas dessas pessoas indignadas são cristãs, mas estranhamente repudiam o amor difundido nas instâncias mais profundas.
Muito provavelmente não entenderiam tudo que Cristo fez quando passou por aqui.
Ele amou, entendeu, defendeu e somou com todas as situações que precisavam de compreensão no campo emocional.
Sem qualquer julgamento.
Talvez essas pessoas crucificaram Cristo há 2000 anos, apenas pelo fato dele amar, não seguir “padrões” e nunca ter “cancelado” nenhum semelhante.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.