Don´t cry for me, Argentina
Uma das músicas mais emblemáticas da história, “Não chores por mim, Argentina”, faz parte do albúm Evita, escrita pelo músico e compositor Andrew Lloyd Webbe em 1976.
O albúm virou um musical mundial que conta a história de Evita Perón – a dama da esperança do povo Argentino – que ficou eternizada em vozes como Madonna, Sarah Brightman, Olivia Newton-John, entre muitas outras.
Falando em “choro”, na Argentina, inclusive, o presidente Lula e o ministro da Fazenda Fernando Haddad, estiveram presentes, recentemente, em uma série de compromissos. Em um dado momento foi abordado a possível criação de uma moeda entre Brasil e o país.
Sem ao menos saberem os detalhes, bolsonaristas radicais e fanáticos prontamente fizeram críticas e promoveram aquela natural enxurrada de reprovação regada a muita fakenews.
Já os Lulistas radicais e fanáticos, sem ao menos entenderem do que se tratava a amplitude do tema, saíram em defesa da tal moeda e de Lula, obviamente.
O curioso do fato é que em março de 2019, há 4 anos, o então presidente Jair Bolsonaro e seu ministro da Fazenda Paulo Guedes, também visitaram a Argentina e discorreram sobre a tal moeda.
Na época, Bolsonaro e Paulo Guedes defenderam com veemência a ideia.
O curioso é que na ocasião da viagem, os lulistas fanáticos diziam que se tratava de um absurdo, que não fazia sentido algum uma moeda única e que a economia da Argentina estava frágil.
Ao contrário dos lulistas, os bolsonaristas fanáticos diziam que era o tal do livre comércio e que o então presidente estava criando boas relações no exterior. Diziam que o país estava recuperando a sua devida importância no cenário internacional, etc.
Discursos idênticos, não?
Tanto da situação quanto da oposição.
Esse é só mais um diagnóstico constatado da tal indignação seletiva.
Como funciona: se uma ideia é de alguém que eu gosto, de alguém que defendo ou de alguém que sou “cegamente apaixonado”, essa ideia vale e está aprovada.
Do contrário, não vale!
O fanatismo impede até um estudo mais aprimorado e abertura mental para o conhecimento.
Além da maioria dos que criticaram não terem uma formação mínima em economia, esse povo nem foi buscar mais dados sobre se a moeda valeria na América Latina inteira, que as moedas Real e Peso continuariam existindo, que demoraria até 5 anos para a total implementação, etc.
Parte considerável da sociedade rasa em que vivemos não quer se informar adequadamente sobre algum assunto.
E mesmo assim, querem o título e o reconhecimento como se fossem especialistas em economia e política.
Contato com radicais e extremistas se evita – neste caso, sem trocadilho com a Evita, a Perón Argentina.
* Antonio Gelfusa Junior é publicitário e professor do SEBRAE.
Foto: Divulgação.
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Bolsonaro elegeu Lula
Em 2018 a vontade das urnas brasileiras elegeu Bolsonaro para presidente da república.
Ele jamais havia sido eleito para um cargo do executivo em sua história.
Jair Bolsonaro foi vereador e deputado federal. Trajetória, inclusive, parecida com a de Lula, que antes de se tornar presidente em 2002, tinha apenas uma única passagem na câmara federal e também não havia ocupado qualquer cargo no poder executivo.
Bolsonaro, com sua força nas redes sociais e discursos antagônicos somados às frustrações promovidas pelo PT no período de 2002 a 2016, recebeu – no colo – a eleição de 2018.
O prenúncio da polarização entre esquerda e direita já dava suas caras na eleição de 2014 com o embate de Dilma Rousseff e Aécio Neves.
O calor da mídia, o espetáculo promovido pela lava-jato e a prisão de Lula – ao longo dos anos – ajudaram Bolsonaro a ter a liderança de ponta a ponta daquela eleição.
Petrolão, mensalão, loteamento de cargos ao centrão e aparelhamento de estatais foram um dos motivos do descrédito do PT em suas gestões.
O último governo do PT, por exemplo, foi desastroso. Terminou com o impeachment de Dilma Rousseff. Não por corrupção, mas por pura inabilidade política.
A frustração com o PT no país abriu espaço para o crescimento de uma corrente oposta: o bolsonarismo.
Com personalidade forte, Bolsonaro foi eleito bem ao seu estilo: ríspido, estúpido e com muitos discursos altamente conservadores.
Porém, em pouco tempo, o governo de Jair Bolsonaro, de direita, se mostrava parecido com os últimos governos de esquerda.
Logo a gestão atual se envolveu em escândalos, se alinhou ao centrão, loteou cargos para a base aliada e, rapidamente, estava nos braços de símbolos da corrupção brasileira como Valdemar da Costa Neto, Roberto Jefferson, Fernando Collor de Mello e Eduardo Cunha – curiosamente parceiros do PT e de Lula nos anos anteriores.
Mas algo foi vital na derrocada do atual governo.
Sem dúvidas o tendão de aquiles foi a covid-19.
Além de diminuir e negar a pandemia, o presidente receitou – como se médico fosse – remédio sem eficácia, atrasou propositalmente a aquisição de vacinas e deixou à frente da pasta da saúde alguém sem qualquer conhecimento técnico.
Sua rejeição está totalmente ligada à falta de empatia pelos mortos e pelo execrável sadismo de imitar pessoas com falta de ar.
Qualquer povo deseja ouvir de um chefe de estado palavras de conforto, ainda mais em uma situação atípica sem precedentes.
Bolsonaro fez totalmente o contrário do que é recomendado por qualquer assessor político e analista de comunicação – por mais “meia boca” que fosse.
Resultado: se tornou o primeiro presidente a não conseguir uma reeleição após a redemocratização.
Não que uma reeleição seja algo bom. Muito pelo contrário.
Democracia saudável é aquela que alterna poder.
Mas o recado foi dado nas urnas, mais uma vez.
Erros graves na condução política entregam – de bandeja – uma eleição ao adversário, por mais rejeitado que ele também seja.
Polos EADs são as novas paleterias
Nos últimos 10 anos o número de ingressantes na modalidade EAD quadriplicou e, desde fevereiro de 2022, são mais alunos no modelo à distância em relação aos do presencial.
Essa marca estava prevista para ser atingida apenas em 2025, mas com a pandemia, o processo foi acelerado.
Temos visto uma franca expansão das unidades educacionais transformando – o que deveríamos chamar de escolas de ensino superior – em polos comerciais de educação à distância.
São muitas marcas de instituições buscando este posicionamento: Anhembi Morumbi, Cruzeiro do Sul, FMU, Estácio, entre outras.
Algumas escolas de menor porte no segmento também disputam esse share digital.
Acontece que muitos desses polos, além de não ter o preparo e infraestrutura para receber público, não contam com a presença de coordenadores pedagógicos ou professores – a tal equipe técnica – na maior parte do tempo.
Isso sem falar que o espaço de uma universidade deve oferecer ao estudante a convivência com outros colegas, interação com demais cursos, desenvolvimento político e civil, identidade de grupo, amadurecimento das relações humanas, entre outras situações que são impossíveis de acontecer – com a profundidade necessária – através de uma tela de computador.
É triste saber que estamos chamando de escola um lugar sem os itens imprescindíveis acima.
Destacadas marcas líderes do cenário educacional também adotaram um modelo híbrido (parte presencial e parte EAD). Uma forma de encaixar um percentual das aulas no formato online, reduzir fluxo de alunos, otimizar custos e escalar o potencial de vendas.
Ninguém gosta de comentar, mas os percentuais de audiência das aulas online são desastrosos.
Os alunos em boa parte das vezes não estudam e fazem avaliações copiando as respostas em uma aba paralela no Google – isso quando o fazem.
Nas especializações EAD o horizonte já é diferente. Essas sim contam com números de melhor performance – até mesmo por conta da idade e a maturidade do indivíduo matriculado.
De qualquer forma, a verdade é que esse modelo atual não consegue entregar educação de qualidade.
E quanto aos docentes neste novo cenário?
Ora, a maioria deles são alocados em condições de remuneração cada vez mais ofensivas, vendendo – numa única vez– o direito autoral de seus conteúdos para as aulas digitais que podem ser transmitidas para milhares de pessoas.
Quem lucra de verdade são as instituições é claro – que atualmente estão mais preocupadas em abrir capital na bolsa do que entregar um ensino responsável.
O Brasil sempre viveu a febre de empresas “modinha” em nosso modelo econômico volátil.
Já foi a época de ter em cada esquina hamburguerias, temakerias ou mesmo as famosas paleterias mexicanas.
Parece que chegou a vez das “EADerias”!
Devido a falta de estrutura e qualidade nos ambientes digitais e presenciais, fica muito difícil acreditar que o final desta saga será de bonança.
O mais provável é o natural definhamento que já aconteceu com outros segmentos, inclusive.
Historicamente só resistiram a esse tipo de explosão comercial empresas de trabalho sério, onde a qualidade ficou à frente da lucratividade desenfreada.
Nossa educação, que nunca foi das melhores, infelizmente deve assistir – e de camarote – um dos tempos mais tristes na formação de profissionais da história.
* Antonio Gelfusa Junior é publicitário, especialista em educação de ensino superior e professor do SEBRAE-SP.
Independência é o escambau!
A história mostra, desde os portugueses, que 7 de setembro é dia do passador de pano, do gado, do mortadela, do paga-pau!
O Brasil, que era dos índios, hoje têm seus representantes: os corruptos e os fanáticos!
Manifestam porque perderam base e aceitação, mas calma, são apenas lunáticos.
Ahhhh, e esse povo achando que algum presidente é salvador?
Amigo, desculpe desapontar, mas político é sustentado com nosso dinheiro. Não é Deus, é apenas um servidor.
O atual e o ex-presidente prometem matar – dos filhos da nação – a fome e acabar com a corrupção.
Mas são de seus legítimos nascidos que vemos a fartura, a riqueza e aquela bacanuda e milionária mansão.
Gasolina cara, que só vai pra cima.
Sabe quem é o culpado? Óbvio: o inábil e incompetente genocida.
E não adianta amenizar os gastos com carro flex.
Com forte promessa o Brasil deve “voltar aos trilhos” com o tal cara mais honesto do país, aquele lá do triplex.
“Fake-news”, “negacionistas”, “coxinhas”, “comunistas”, esse é o novo vocabulário.
Foi bem criado para ajudar políticos de estimação que só fazem você de otário.
É sobre isso.
Um Brasil rachado, da rachadinha.
7 de outubro é dia de orgulho, mas não consigo ficar calado, não sossego.
Até porque Lula e Bolsonaro eu nunca votei, essa culpa eu não carrego.
O dia que o nosso povo acordar aí sim será independente.
Já pensou?
Um país maravilhoso sem vagabundos que mentem?
Já quero!
Jovens prodígios
Flávio Bolsonaro e sua esposa compraram uma mansão de 5,9 milhões de reais.
Ela tem 1.000 metros quadrados e uma piscina bacanuda.
50% foi financiado pelo Banco de Brasília para pagar em 30 anos.
Informação confirmada pela CNN e revelada pelo site o Antagonista (aquela mídia que Jair Bolsonaro adorava compartilhar informações, mas que agora odeia).
Flávio é investigado no escândalo das rachadinhas – que é caracterizado pela devolução de parte dos vencimentos de servidores –, prática essa infelizmente comum nos gabinetes de parlamentares Brasil afora.
Fico pensando aqui que com salário de R$ 25 mil reais, como senador – e mesmo tendo uma franquia de negócios (desde 2015) – se os padrões se justificam.
Não, né?
R$ 25.000,00 X 12 meses = R$ 300.000,00.
Com 3 anos de mandato como senador teria juntado R$ 900.000,00 caso não tivesse mexido em nenhum recurso desde então.
Até mesmo somados a outros anos como deputado e o apoio da esposa na compra, essa conta não fecha.
Sem falar que trata-se de um parlamentar com sérios problemas na justiça há algum tempo.
Com tantas investigações e escândalos, ainda temos – completados recentemente – um ano ativo de pandemia.
Acredito que qualquer elevação patrimonial nestes moldes, num momento como esse, é minimamente imoral para qualquer político.
Não dá para tapar o sol com a peneira porque já vimos esse filme.
Você aí do outro lado – que já defendeu sítio em Atibaia, Triplex no Guarujá e palestras de R$ 400 mil – hoje está consternado, confere?
Vi gente que aqui também já repudiou esse padrão de vida megalomaníaco dos políticos e de seus filhos nos tempos pretéritos, mas hoje defende o “direito ao progresso” do primogênito do ‘mito”.
“Lula sabia de tudo e Bolsonaro não sabia de nada”.
“Lula não sabia de nada e Bolsonaro sabia de tudo”.
Seja lá o lado que você está, só sei que os pais destes filhos devem estar muito orgulhosos da evolução patrimonial dos mesmos.
Jovens prodígios que fala, né?
Um brinde com champanhe na piscina e sem aglomerações (apenas para os mais pobres).
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Covas ou Boulos?
Confira abaixo o editorial deste mês
Covas ou Boulos? — O segundo turno em São Paulo será mais curto.
No próximo domingo os paulistanos vão decidir o futuro da administração pública municipal nos próximos 4 anos.
De um lado, Bruno Covas, PSDB, que tenta reeleição.
Do outro, Guilherme Boulos, PSOL, chegando em um segundo turno de eleição pela primeira vez na história.
Bruno Covas carrega o histórico do PSDB de abandono das prefeituras em São Paulo. Foi assim com José Serra e João Dória, ambos do mesmo partido. Deixaram a prefeitura para concorrer ao Governo do Estado de SP, mesmo ambos dando a palavra que não o fariam.
Bruno é neto do ex-prefeito e governador de SP, Mário Covas. Está na vida pública há anos como vereador, deputado e vice-prefeito, assumindo recentemente na saída de Doria. Covas tem o apoio do centro e centro-direita.
Bruno Covas luta contra um câncer e tem procurado mostrar através de suas propagandas que está bem para seguir em frente. No período de seu tratamento a cidade foi comandada pelo presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Eduardo Tuma. Recentemente, por conta da pandemia, atuou no problema de maneira singular e tem usado essa postura de enfrentamento em sua campanha.
O candidato à vice-prefeito na chapa de Covas é Ricardo Nunes, ex-vereador. Carrega liderança na igreja católica e movimento de empresários na Zona Sul da cidade. A insegurança de uma investigação por violência doméstica e desvio de verbas das creches em SP tem pautado os últimos debates e informações sobre seu nome.
Guilherme Boulos tem 20 anos de participação de movimentos populares por moradias. Carrega em seu histórico o apoio à política de esquerda. Esteve junto à Lula por diversas vezes.
Boulos foi candidato à presidente pelo PSOL em 2018 e cresceu como alternativa para à esquerda e centro-esquerda na cidade, uma vez que o terreno ocupado pelo PT e outras frentes similares foram sendo esvaziadas de 2016 para cá.
Professor e filósofo, Boulos mora na periferia e deseja dar voz aos extremos e camadas mais pobres da maior cidade do Brasil. Em sua campanha, tem lutado para desmistificar as ocupações promovidas ao longo de sua trajetória, justificando-as por serem realizadas em terrenos e propriedades inativas e com dívidas ao governo.
A candidata à vice-prefeita na chapa de Guilherme é Luiza Erundina. Primeira prefeita eleita de SP, Erundina carrega histórico parlamentar como deputada e atuação positiva aos professores e movimentos de mutirões e moradias populares.
Ao que tudo indica, os votos de Márcio França devem ser diluídos aos dois, meio a meio. Jilmar Tatto deve transferir os votos ao Boulos, pela identidade política dos partidos. Já os eleitores de Arthur do Val devem depositar a confiança em Covas.
Resta saber como se comportarão os votos de Russomanno.
Se Covas se aproximar da periferia, talvez amplie a vantagem sobre Boulos.
Se Boulos, agora com mais espaço na mídia, explorar os ruídos sobre o vice de Covas e conseguir ganhar a confiança dos eleitores dos extremos da cidade, talvez surpreenda.
Em duas semanas saberemos se os paulistanos vão optar por manter tudo do jeito que está ou apostar em uma nova corrente política na cidade.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Eu curto boas histórias
Eu curto boas histórias.
Mas nem sempre elas são bonitas.
Muitas são bem dolorosas.
Ao longo desses 37 anos de vida, 22 anos trabalhando com comunicação (agências e redação) e 14 anos em universidades, acredito que os bens mais preciosos que fui adquirindo ao longo desse tempo, em contato com pessoas, foram as histórias ouvidas, trocadas e colecionadas.
Posso afirmar que na maioria das situações tristes compartilhadas do cotidiano, que apresentam conflitos familiares, são relacionadas aos problemas enfrentados pela paternidade nos lares.
Homens desequilibrados e imaturos que agridem (física e emocionalmente), batem, xingam, matam, fogem, se entregam a vícios, enfim.
Muitos vivem de impor uma imagem de heterossexualidade “forte”, mas na verdade estão bem longe de suas funções básicas – se amedrontaram diante do propósito.
Se você costuma falar com as pessoas, já deve ter ouvido muitas dessas situações por aí dos tais “homens de verdade”.
Quantas mulheres, filhas e irmãs, precisaram ser mais fortes do que já são, assumindo papéis que não eram delas.
Aí chega ao ar essa pertinente campanha publicitária da Natura mostrando Thammy Miranda como pai.
Existe uma grande parcela das pessoas chocadas com isso.
A verdade é que um casal fora do padrão, que seja gay, trans, enfim, não pode adotar e dar amor a uma criança.
Mas héteros podem fazer filhos, abandonar e entregar ao sabor da vida.
Eu penso que, se a partir do momento que a exteriorização do amor de um homem transsexual para com uma criança – seu filho, lhe causa indignação, é muito provável que você precise de ajuda.
Eu não consigo acreditar que o amor incomode tanto, sério.
Ele tem que fazer bem!
Ninguém está pedindo para você aceitar, se não quiser, mas respeitar é obrigação de todos.
Se te incomoda a ponto de destilar ódio você está com sérios problemas.
Você não está conseguindo amar, infelizmente.
O curioso é que muitas dessas pessoas indignadas são cristãs, mas estranhamente repudiam o amor difundido nas instâncias mais profundas.
Muito provavelmente não entenderiam tudo que Cristo fez quando passou por aqui.
Ele amou, entendeu, defendeu e somou com todas as situações que precisavam de compreensão no campo emocional.
Sem qualquer julgamento.
Talvez essas pessoas crucificaram Cristo há 2000 anos, apenas pelo fato dele amar, não seguir “padrões” e nunca ter “cancelado” nenhum semelhante.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Você é centrada(o)?
Quando um ser humano é equilibrado e sensato costumamos dar a ele o adjetivo de centrada(o).
Aquele que está ao centro é aquele que se mantém em poder de observar o horizonte por várias perspectivas, esquerda, direita, frente, trás, por cima e abaixo.
Alguns dizem que pessoas centradas estão em cima do muro e por isso não tomam posição.
No jargão político, o centro, ficou conhecido como pessoas e partidos que fecham acordos com todo governo.
Seus interesses são sempre em ser a situação de uma gestão, nunca de oposição, logo, manter as mamatas – adjetivo simplificado daqueles que “mamam nas tetas” do erário – é sempre uma prioridade.
Ser de esquerda, de direita e de centro, num país ainda adolescente em amadurecimento político, é visto como problema, como rótulo, como acusação moral de escolhas entre certo e errado.
Ser republicano, democrata, de direita, e esquerda, centro, trabalhista, socialista, progressista, liberal, evangélico, espírita, católico não é certificado para ninguém estar acima da lei e da razão.
Tão criticado quando negociou com PMDB, Lula perdeu sua credibilidade para obter maioria no Congresso.
Permitiu o maior esquema de corrupção da história. Apertou a mão de Maluf (PP), de Sarney (PMDB) e de Fernando Collor (PTC) – símbolos da corrupção.
E se tornou um.
Bolsonaro se elegeu prometendo não negociar com o centro, não lotear cargos e dar aos ministros liberdade para suas ações.
Em um ano e meio de governo já interferiu no ministério da saúde – a mais sórdida e desumana das intervenções, defendendo algo não comprovado pela ciência em lugar algum do mundo.
Já interferiu nas investigações da Polícia Federal por interesses próprios e escusos em relação à sua família. Vale ressaltar que isso culminou com a saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça.
E agora negocia com o velho “centrão”, para obter maioria da Câmara. Assim não corre riscos de um impeachment e de perder ainda mais sua governabilidade.
Também já loteou cargos, além de movimentar os bastidores com políticos e assessores das figuras já conhecidas como Valdemar Costa Neto (PL), Roberto Jefferson (PTB) e Gilberto Kassab (PSD), todos eles investigados nos mais diversos fronts da corrupção brasileira.
Em reunião recente, com vídeos divulgados, o atual presidente mostra exatamente aquilo que sua atual imagem pública tem apresentado: falta de preparo, autoritarismo e desrespeito às instituições públicas e aos cidadãos, que enfrentando o pior caos de saúde e economia de sua história, pouco foram lembrados em uma reunião ministerial.
Liderança, nos tempos atuais, no ambiente público e privado, não se conquista com xingamentos, com autoritarismo, com assédio moral.
Não é só errado e grosseiro. É cafona.
Esse estilo de gestão não é mais aceito em líderes há anos.
Liderança se apresenta com ações centradas, bom senso, eloquência, energia de gestão e autoridade.
Qualidades que passam longe das características deste presidente eleito pela maioria dos brasileiros.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Se reinventar para enfrentar a crise
Dizem que para ultrapassar um período de recessão é preciso ter coragem de tirar a letra “s” da palavra crise. Ela se tornará “crie”.
As melhores estratégias adotadas por empresas foram tomadas em períodos de dificuldade global.
Aliás, as melhores gestoras e gestores aparecem nestes momentos.
Quando o dinheiro está curto, quando o cliente não aparece na loja, quando as vendas não acontecem, com certeza é o momento em que você observa que tudo poderia ser diferente e melhor.
É aí que você vê que sua equipe pode fazer muito mais coisas do que você achava que eles eram capazes.
Nessas horas aquele capital de giro pode comprar insumos melhor negociados do que você já comprava.
Observa-se que parte de sua empresa já poderia funcionar de maneira remota, com home office, há algum tempo.
E quanto aos custos? Quando são otimizados percebem-se melhorias das mais diversas que já poderiam ser feitas antes de qualquer adversidade chegar.
A Coca-Cola, na segunda guerra mundial, descobriu por meio de cartas que os soldados norte-americanos lutavam, além do patriotismo, pelo simples fato de poder tomar uma Coca-Cola em um momento comum.
Sendo assim a empresa levou o produto aos campos de guerra e concentração ao mesmo preço vendidos nos pontos de venda dos EUA.
Não só para fazer gosto do seu consumidor, mas para aproveitar uma oportunidade de mercado.
Estratégia arriscada? Sim!
Mas seria mais cômodo esperar o período passar do que levantar e agir, não é mesmo?
Importante: não confunda criatividade e oportunidade de mercado com oportunismo barato. São coisas distintas.
E já que falamos em dinheiro e Coca-Cola, é importante lembrar que investimento em comunicação e marketing não são gastos, como alguns insistem em dizer.
Estudos de mercado, nacionais e internacionais, sempre apontaram que toda empresa que mantém verba de comunicação e marketing nos períodos de crise, depois das turbulências, crescem muitas vezes até 5% acima dos concorrentes e é largamente mais lembrada do ponto de vista de suas marcas e da presença que passam a ocupar.
Isso acontece porque, mesmo diante das dificuldades e do ponderamento do consumidor, as pessoas continuam consumindo, fazendo crediário, adquirindo serviços e se divertindo na medida do possível.
Neste momento de reinvenção que seu comércio entra!
É agora que você precisa ter seu empreendimento melhor exposto, com uma promoção inteligente, com um site e-commerce bem desenvolvido, com anúncios digitais adequados, redes sociais alinhadas etc.
É agora a hora de fazer aquela manutenção para retomada, organizar tabelas de possíveis clientes a serem trabalhados, organizar listas de clientes antigos que podem ser prospectados novamente, enfim.
Muita coisa pode ser feita.
Mas é óbvio que ficar parado é mais fácil. Sempre foi.
É sempre mais fácil colocar a culpa na crise de 2008, 2016, 2018, na crise da água, na paralisação de caminhoneiros, na covid-19 e em todas as outras que já apareceram e nas próximas que surgirão.
Fique em casa se puder, crie novas ideias, estude, se aperfeiçoe e saia da caixa dos padrões.
O momento de se reinventar é agora!
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Nossa 3ª Guerra
Em meados de 1945, depois de 4 anos na Índia e 2 anos na Inglaterra como prisioneiro de guerra, meu avô paterno voltou para sua casa, na região de Lazio, Itália.
Irreconhecível, sujo, muitos quilos a menos, surpreendeu minha avó, que pensava que se tratava de algum morador de rua.
Na 2ª Guerra Mundial, homens e mulheres (na maioria homens), precisavam se alistar, combater e participar, sem concordar ou aderir.
Tinha que ir e pronto!
Nos campos de concentração, meu avô e outros prisioneiros viviam em condições precárias.
Insetos e outros pequenos animais eram complemento ou o cardápio de suas refeições.
Ouvi por muito tempo meus familiares contarem isso.
Eu não o conheci pessoalmente, morreu antes de meus pais se casarem.
Retorno hoje para 2020, período em que vivemos uma guerra sem armas, que nos exige um alistamento e comportamento diferente daquilo que rolava no passado.
Não é possível viver de novo o que aconteceu em nossa história, mas podemos refletir.
Não há arma ainda capaz de combater o vírus e por fim nesta quarentena.
A solução criada para evitar sua proliferação é o isolamento social.
Essa nossa 3ª Guerra atinge todas as pessoas, não nações específicas, nem classes sociais.
Não há arma, investimento militar ou dinheiro possível que possa deter o avanço.
Hoje, o inimigo é pequeno, invisível, microscópico.
No passado, quantas pessoas se apresentavam para o combate no “front” e não voltavam mais para seus lares?
Na guerra atual temos uma chance de evitar mais mortes: fazer nossa parte, ficar em casa e enfrentar, com isolamento, a propagação da covid-19.
O enfrentamento do momento é conhecer nossa mente, nossos pensamentos, nossos limites, nossos vilões emocionais, nossas relações com as pessoas e com o mundo.
Ficar em casa também é uma oportunidade única de conhecer melhor seus pares e a si mesmo.
Aproveite este tempo também para arrumar suas coisas (emocionais e físicas), conserte, trabalhe, discuta, desculpe, perdoe, chore, ligue, abrace virtualmente, mas acima de tudo, ame!
Crianças não verem seus avós, e adultos não verem seus pais e amigos, trata-se de um ato de amor.
Por amor as pessoas não precisam deixar suas casas (como se fazia nas guerras do passado), e sim, ficar nelas.
Se no passado, para preservar os avós, crianças e mulheres, os alistados e alistadas tinham que odiar e matar (ou morrer por) um semelhante de uma outra nação, hoje, para resguardar nossos pais e idosos, precisamos, “simplesmente”, nos isolar.
Tempos difíceis virão, mas nem se comparam a dor das complexas travessias emocionais que as guerras do passado promoveram.
Ter paciência e combater a ansiedade são, por enquanto, munições básicas para o momento.
Vamos em frente, até porque tempos difíceis fazem mulheres e homens fortes.
E mulheres e homens fortes farão tempos mais fáceis.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.