Mercado de apostas online: propaganda, redes sociais e contravenção
No Brasil alguns fatos são muito curiosos: pela constituição, é vedada a comercialização de qualquer produto que seja nocivo à saúde.
O cigarro, por exemplo, com comprovados danos químicos ao cidadão, não foi proibido em sua comercialização, mas a publicidade sim. Propaganda em TVs, padarias, revistas, rádios, entre outras mídias, deixaram de faturar com as empresas de tabaco.
Assim como o cigarro, a ingestão de bebida alcoólica também faz mal à saúde. E o pior, mortes no trânsito e feminicídios acontecem de forma multiplicada por conta do uso excessivo do álcool. Ao contrário do cigarro, sua propaganda não foi proibida, apenas é acompanhada da mensagem: “proibida a venda para menores de 18 anos”.
Eis que chegam a era das Bets.
No Brasil, os jogos de azar, o jogo do bicho, bingos, caça níqueis e agora as Bets, nunca foram estruturadas da forma legal.
Porém, nos últimos dias, o governo federal emitiu uma lista onde não reconhece algumas marcas grandes de casas de apostas, como a Esportes da Sorte e BetVip, por exemplo.
O curioso, assim como o cigarro e as bebidas alcoólicas que marcaram época, dessa vez, são as Bets que estão estampando campanhas com influencers nas redes sociais e na grande mídia, além de patrocinarem a maioria dos times de futebol do país.
O brasileiro gasta cerca de R$ 23,9 bilhões com jogos e apostas online no país, segundo estudo macroeconômico realizado pelo Banco Itaú.
Até casos de uso do cartão do bolsa família para apagar apostas tem sido relatado, o que mostra um cenário delicado de claro incentivo às apostas e até vício e descontrole por parte dos cidadãos.
Também nas últimas semanas, operações deflagradas pela polícia federal têm colocado holofotes sobre empresários envolvidos com contravenção. De jogo do “Tigrinho” propagado por influencers à lavagem de dinheiro, figuras conhecidas como a advogada Deloane Bezerra e o cantor Gusttavo Lima também foram alvos das investigações.
Em um país com baixa escolarização como o nosso, sem dúvidas a propaganda – por mais artística, poética e disruptiva que seja – acaba sendo um movimento forte de incentivo, seja na ingestão de bebida alcoólica, uso de tabaco ou mesmo nas apostas.
Isso não significa que o cidadão não possa fazer suas escolhas e investir seu tempo, dinheiro em saúde no que bem entender.
Todavia, em termos de preocupação com a sociedade como um todo, no Brasil, faltam leis claras e regulações adequadas que coloquem limitação nas propagandas de determinados segmentos, e claro, que também seja rígida no controle de impostos, na análise da origem do dinheiro das mesmas e a clara regulação do mercado para que a diversão não acabe na ruína e tragédia para as famílias brasileiras.
*Antonio Gelfusa Junior é publicitário e especialista em redes sociais.
Marçal, violência e a sociedade do espetáculo
Nos últimos meses, as eleições municipais têm apresentado um comportamento mais violento do que as anteriores, em especial em São Paulo, com a candidatura inédita de um coach e influencer chamado Pablo Marçal.
Nos últimos dias, inclusive, após as provocações de Pablo Marçal, do PRTB, o apresentador e também candidato José Luiz Datena, do PSDB, atirou um banco/cadeira no coach. Isso tudo ao vivo, transmitido pela TV Cultura.
Obviamente, por vivermos em uma sociedade do espetáculo – que é altamente influenciada por entretenimento, reality shows e redes sociais –, o fato virou meme. O agressor e agredido, Pablo Marçal, transformou sua ida estratégica ao hospital em cenas de dar inveja a qualquer série médica hollywoodiana.
A campanha destes tipos de personagens procura usar um recurso que tem ganhado projeção nos últimos anos: os cortes rápidos – que visam apresentar o postulante como articulador, intelectual e ativo nas respostas. Ao menos tenta.
Marçal já foi condenado e é também investigado pela justiça por abuso de poder econômico por estimular um campeonato de cortes com alta remuneração antes do período permitido por lei.
A pergunta que faço é: aqueles comentários vistos na página dele e de outros candidatos são verdadeiros? E quanto às visualizações e seguidores?
No Brasil e na maioria dos países do mundo, há uma indústria de venda de comentários, curtidas e seguidores para as principais redes sociais como Youtube, Instagram, Facebook e TikTok.
É possível, por exemplo, por R$ 100,00 comprar 1000 seguidores. Pelo mesmo valor, é possível comprar 100.000 visualizações em um vídeo.
Talvez o que você esteja vendo, nas redes sociais, sejam, na maioria, números fabricados e não construídos só de forma orgânica – termo usado para a audiência real e não comprada.
Faça o teste: veja os vídeos no Youtube e Instagram de sabatinas e repare nos comentários em posts de candidatos. Abra cada um deles. Atente para a quantidade de perfis que não existem, que não apresentam imagens e nem comentários.
No submundo das redes sociais, que conta com perfis fake, crimes dos mais diversos são cometidos porque não há uma regulação de redes sociais séria. O intuito de quem comercializa o “show” é favorecer ou desfavorecer a imagem de um produto, serviço, ou mesmo, de um candidato.
Às vezes aquele comentário que elogia ou ataca, foi feito por mais de 100 contas diferentes, porém, por uma mesma pessoa ou robô.
Em uma pesquisa realizada com 20 países, o Brasil está em último lugar sobre a capacidade dos adultos em diferenciar uma informação falsa ou verdadeira nas redes sociais. E se 80% dos brasileiros só se informam por redes sociais, imaginem o buraco que estamos criando para nossa sociedade.
É a primeira vez que São Paulo vê um postulante que não é morador da cidade chamar oponentes de “cheirador”, “aspirador de pó”, “Jack”, entre outros adjetivos e palavrões.
Nem as emissoras estavam preparadas para essa escalada violenta. Muitas precisaram alterar as regras dos debates – o que não evitou a cadeirada.
Quem for comandar a cidade mais importante do país, seja um candidato condenado por roubar bancos ou um candidato atirador de bancos, vai precisar de educação e respeito aos eleitores, seja nas ruas, na televisão ou nas redes sociais.
*Antonio Gelfusa Junior é professor, publicitário e especialista em comunicação digital.
Regular é preciso!
Você pode entrar em um avião, sentar no banco do piloto e voar na hora que bem entender?
E sobre um plano de saúde, você poderia abrir um comércio e abrigar uma operadora da forma que achar conveniente?
E quanto às telecomunicações? É possível criar uma empresa de telefonia rapidamente e atuar em todos os estados brasileiros sem nenhuma autorização ou validação?
A resposta para as perguntas acima é não, obviamente.
ANAC, ANS e Anatel são as agências que fazem a regulação da aviação civil, saúde suplementar e telecomunicações, respectivamente.
Segmentos organizados costumam ter regulação, até mesmo para que haja um padrão a ser seguido com modelos desejados de conduta, comportamento, ações técnicas, fiscalização e uma série de condições peculiares.
No Brasil e no mundo, atualmente, discute-se a regulação das redes sociais. Um debate amplo vem sendo construído nos últimos anos sobre os prós e contras. Na Europa, por exemplo, a Lei de Serviços Digitais já é uma realidade.
Infelizmente, consequências desastrosas em nossa sociedade, como: suicídio, violência, racismo, bullying e depressão, têm sido constantes por conta de situações que, na maioria das vezes, iniciam nas redes sociais e em sua falta de controle e políticas adequadas.
Na Flórida, nos EUA, o TikTok foi proibido para crianças de até 14 anos. A lei foi uma das medidas realizadas para proteger os jovens dos possíveis riscos à saúde mental e à falta de segurança nas plataformas sociais.
Criminosos, que são fabricantes de fake news, se aproveitam de tragédias, polarização política, vida dos famosos e temas polêmicos para distribuírem seus conteúdos.
A sensação de que as redes sociais são ambientes escondidos, inatingíveis e impunes também favorece esse tipo de conduta. Afinal, não é preciso documento oficial para registrar uma conta nova – você pode, inclusive, ter quantos perfis quiser.
E os cidadãos, que não contam com uma educação midiática para lidar com essas informações e checagens de fatos, acabam por sofrer no processo.
Em recente pesquisa do Instituto Locomotiva, 90% da população brasileira admitiu ter acreditado em conteúdos falsos.
Já sobre as big techs, Facebook, Instagram e WhatsApp, juntas, lucraram R$ 193 bilhões em 2023. Somadas ao YouTube, TikTok e X, são as redes mais questionadas em políticas de combate aos algoritmos nocivos, falta de agilidade na remoção de perfis falsos ou mesmo ações que possam banir golpes realizados através de anúncios.
Até 2026, imagina-se que 90% do conteúdo online seja gerado artificialmente – muito por conta do acesso dos APPs, sites e plataformas de inteligência artificial.
E é por conta de fatores como esses que a desinformação está em segundo lugar como preocupação global atual, perdendo apenas para os eventos climáticos extremos.
Os dados não mentem e é preciso ações firmes regulatórias para permitir um ambiente saudável para a sociedade, com regras estabelecidas para que todos possam estar protegidos.
*Antonio Gelfusa Junior é professor, publicitário e especialista em comunicação digital.
Eu curto boas histórias
Eu curto boas histórias.
Mas nem sempre elas são bonitas.
Muitas são bem dolorosas.
Ao longo desses 37 anos de vida, 22 anos trabalhando com comunicação (agências e redação) e 14 anos em universidades, acredito que os bens mais preciosos que fui adquirindo ao longo desse tempo, em contato com pessoas, foram as histórias ouvidas, trocadas e colecionadas.
Posso afirmar que na maioria das situações tristes compartilhadas do cotidiano, que apresentam conflitos familiares, são relacionadas aos problemas enfrentados pela paternidade nos lares.
Homens desequilibrados e imaturos que agridem (física e emocionalmente), batem, xingam, matam, fogem, se entregam a vícios, enfim.
Muitos vivem de impor uma imagem de heterossexualidade “forte”, mas na verdade estão bem longe de suas funções básicas – se amedrontaram diante do propósito.
Se você costuma falar com as pessoas, já deve ter ouvido muitas dessas situações por aí dos tais “homens de verdade”.
Quantas mulheres, filhas e irmãs, precisaram ser mais fortes do que já são, assumindo papéis que não eram delas.
Aí chega ao ar essa pertinente campanha publicitária da Natura mostrando Thammy Miranda como pai.
Existe uma grande parcela das pessoas chocadas com isso.
A verdade é que um casal fora do padrão, que seja gay, trans, enfim, não pode adotar e dar amor a uma criança.
Mas héteros podem fazer filhos, abandonar e entregar ao sabor da vida.
Eu penso que, se a partir do momento que a exteriorização do amor de um homem transsexual para com uma criança – seu filho, lhe causa indignação, é muito provável que você precise de ajuda.
Eu não consigo acreditar que o amor incomode tanto, sério.
Ele tem que fazer bem!
Ninguém está pedindo para você aceitar, se não quiser, mas respeitar é obrigação de todos.
Se te incomoda a ponto de destilar ódio você está com sérios problemas.
Você não está conseguindo amar, infelizmente.
O curioso é que muitas dessas pessoas indignadas são cristãs, mas estranhamente repudiam o amor difundido nas instâncias mais profundas.
Muito provavelmente não entenderiam tudo que Cristo fez quando passou por aqui.
Ele amou, entendeu, defendeu e somou com todas as situações que precisavam de compreensão no campo emocional.
Sem qualquer julgamento.
Talvez essas pessoas crucificaram Cristo há 2000 anos, apenas pelo fato dele amar, não seguir “padrões” e nunca ter “cancelado” nenhum semelhante.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Se reinventar para enfrentar a crise
Dizem que para ultrapassar um período de recessão é preciso ter coragem de tirar a letra “s” da palavra crise. Ela se tornará “crie”.
As melhores estratégias adotadas por empresas foram tomadas em períodos de dificuldade global.
Aliás, as melhores gestoras e gestores aparecem nestes momentos.
Quando o dinheiro está curto, quando o cliente não aparece na loja, quando as vendas não acontecem, com certeza é o momento em que você observa que tudo poderia ser diferente e melhor.
É aí que você vê que sua equipe pode fazer muito mais coisas do que você achava que eles eram capazes.
Nessas horas aquele capital de giro pode comprar insumos melhor negociados do que você já comprava.
Observa-se que parte de sua empresa já poderia funcionar de maneira remota, com home office, há algum tempo.
E quanto aos custos? Quando são otimizados percebem-se melhorias das mais diversas que já poderiam ser feitas antes de qualquer adversidade chegar.
A Coca-Cola, na segunda guerra mundial, descobriu por meio de cartas que os soldados norte-americanos lutavam, além do patriotismo, pelo simples fato de poder tomar uma Coca-Cola em um momento comum.
Sendo assim a empresa levou o produto aos campos de guerra e concentração ao mesmo preço vendidos nos pontos de venda dos EUA.
Não só para fazer gosto do seu consumidor, mas para aproveitar uma oportunidade de mercado.
Estratégia arriscada? Sim!
Mas seria mais cômodo esperar o período passar do que levantar e agir, não é mesmo?
Importante: não confunda criatividade e oportunidade de mercado com oportunismo barato. São coisas distintas.
E já que falamos em dinheiro e Coca-Cola, é importante lembrar que investimento em comunicação e marketing não são gastos, como alguns insistem em dizer.
Estudos de mercado, nacionais e internacionais, sempre apontaram que toda empresa que mantém verba de comunicação e marketing nos períodos de crise, depois das turbulências, crescem muitas vezes até 5% acima dos concorrentes e é largamente mais lembrada do ponto de vista de suas marcas e da presença que passam a ocupar.
Isso acontece porque, mesmo diante das dificuldades e do ponderamento do consumidor, as pessoas continuam consumindo, fazendo crediário, adquirindo serviços e se divertindo na medida do possível.
Neste momento de reinvenção que seu comércio entra!
É agora que você precisa ter seu empreendimento melhor exposto, com uma promoção inteligente, com um site e-commerce bem desenvolvido, com anúncios digitais adequados, redes sociais alinhadas etc.
É agora a hora de fazer aquela manutenção para retomada, organizar tabelas de possíveis clientes a serem trabalhados, organizar listas de clientes antigos que podem ser prospectados novamente, enfim.
Muita coisa pode ser feita.
Mas é óbvio que ficar parado é mais fácil. Sempre foi.
É sempre mais fácil colocar a culpa na crise de 2008, 2016, 2018, na crise da água, na paralisação de caminhoneiros, na covid-19 e em todas as outras que já apareceram e nas próximas que surgirão.
Fique em casa se puder, crie novas ideias, estude, se aperfeiçoe e saia da caixa dos padrões.
O momento de se reinventar é agora!
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Cerveja, cigarro, propaganda ou governo. Quem é o vilão?
Confira abaixo o editorial “Cerveja, cigarro, propaganda ou governo. Quem é o vilão?”
O senador Styvenson Valentim (Pode-RN) é relator do projeto sobre proibição da propaganda das bebidas alcoólicas. A base do projeto foi o PLC 83/2015 que trouxe a proibição expressa da propaganda de álcool na mídia de massa.
Na proposta há outra iniciativa — a divulgação comercial desses produtos apenas por meio de pôsteres, painéis ou cartazes, dentro dos espaços de merchandising e pontos de venda.
O PLC 83/2015 levou, para essa mesma emenda, as restrições que deverão ajustar a propaganda de bebidas alcoólicas.
Além de não incentivar o consumo “abusivo” — caracterização acrescida pelo relator, essa divulgação não poderá associar o produto, mesmo que indiretamente, à prática desportiva, à condução de veículos, à sexualidade e ao sucesso; sem dirigir ou incluir crianças ou adolescentes; nem anunciar propriedades medicinais, relaxantes ou estimulantes.
Se aprovado, necessitará de 120 dias para ser colocado em prática.
Importante lembrar que o cigarro também teve sua propaganda proibida e regulada em meios de massa. Isso aconteceu em dezembro de 2000, com uma lei do sancionada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso.
Sem dúvidas trata-se de um assunto polêmico.
Até porque o produto cigarro é nocivo à saúde.
Todos os indicadores apontam gravidade e riscos dos mais diversos para as pessoas que estão dependentes deste produto. São mais de 4 mil substâncias químicas.
O cigarro mata cerca de 7 milhões de pessoas por ano no mundo segundo a Organização Mundial da Saúde. 900 mil pessoas morrem por inalar estes gases tóxicos.
Com 20 milhões de fumantes no Brasil, foi percebida uma queda de 36% de consumo do cigarro na última década e muito se deve a nova regulação.
No que tange à propaganda, na época, tínhamos um mercado pujante em exploração. Outdoor, patrocínios de carros de fórmula 1, televisão, rádio e tantos outros meios com marcas de cigarros das mais diversas.
Já em relação ao uso abusivo de álcool, o mesmo mata cerca de 3,5 milhões de pessoas por ano segundo a OMS.
Globalmente, estima-se que 237 milhões de homens e 46 milhões de mulheres sofram de problemas relacionados ao consumo de álcool com a maior prevalência na Europa (14,8% e 3,5%, respectivamente) e na Região das Américas (11,5% e 5,1%, respectivamente).
Problemas estes ligados à violência do trânsito, agressões, brigas e acidentes dos mais diversos.
Toda redução é positiva, mas também é curiosa.
O governo entra na jogada, permite a venda do produto, contanto que o produto tenha descrições em seus rótulos como a dependência, apresentação obrigatória dos possíveis cânceres a serem causados, impotência e outros malefícios.
O contraponto é que está em nossa Constituição Federal, claramente, quando se aborda sobre os produtos nocivos à saúde, que os mesmos não podem ser comercializados.
Têm-se um problema tão grave que envolve saúde pública, porque então não discutimos parar de vender um produto que causa tanto mal à sociedade?
Talvez a resposta esteja exatamente no fato de que a indústria de cigarros e do álcool ainda recolhem um importante montante de impostos para a máquina pública.
Regular a publicidade se necessário não é problema algum.
O problema está na hipocrisia do governo que, se pudesse, o regularíamos.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Por que contratar uma agência de propaganda para as empresas?
Confira abaixo o editorial do mês
Muitas pessoas desenvolvem suas empresas, pequenas ou médias, estruturando os departamentos de vendas, administrativo, finanças entre outros. Na maioria das vezes o âmbito do marketing e da comunicação sempre são os setores que demoram mais a serem estruturados.
A agência de propaganda geralmente presta serviços para desenvolver a comunicação interna e/ou externa das empresas suprindo estas necessidades. Estes respondem diretamente aos donos ou ao departamento de comunicação quando constituído.
A expertise adquirida pelos profissionais de agências de propaganda pode ajudar na tomada de decisão das empresas. Isso no que tange ao posicionamento desejado, ou seja, como a corporação deseja ser vista.
Uma agência atende clientes dos mais variados segmentos, obtendo informações, testando fórmulas e aplicando projetos que se transformam em cases de referência.
A contribuição com o feeling da equipe de atendimento publicitário ajuda no processo de desenvolvimento.
Muitas vezes o serviço prestado pela agência de publicidade conta com a participação de designers, publicitários, jornalistas, profissionais de marketing, produtores audiovisuais, entre outros.
Financeiramente é mais viável contar com uma gama de serviços técnicos dentro de um pacote de agência ao invés de contratar todos os profissionais para um departamento de comunicação interno. Salvas as marcas e empresas grandes com estruturas milionárias, o que não é o caso dos pequenos e médios negócios.
O início de um relacionamento entre agência e cliente é marcado pela imersão nas informações para que os prestadores conheçam um pouco sobre o negócio, diferenciais e montagem inicial de pastas com imagens, logomarca, preferências de cores, informações gerais e conceito visual básico a ser adotado no início da parceria.
Sem dúvida alguma o tempo ajuda na afinidade entre as partes, lembrando que ambos devem facilitar o fluxo de informação, além de estabelecer um canal de comunicação que possa organizar a solicitação dos trabalhos que pode ser via whatsapp, e-mail, telefone ou mesmo algum sistema interno.
Quais os serviços disponíveis?
São diversos os serviços prestados por uma agência de comunicação: desenvolvimento de identidade visual, logomarca, catálogo de produtos, sites, entre outros.
A remuneração do serviço pode ser feita através de um contrato com pacote mensal chamado de fee, por inserção em mídia – que assegura 20% do valor bruto negociado para a agência e/ou por job – que é o trabalho pontual sem vínculo frequente.
Uma agência de publicidade geralmente enxerga de maneira diferente os negócios do cliente, uma vez que está fora da “contaminação” interna.
Por fim, é justamente esta isenção por estar do lado externo e a experiência acumulada pelos profissionais de comunicação que fazem das opiniões e recomendações da agência dicas certeiras que contribuem com o desenvolvimento da cultura da comunicação.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Conhecemos de fato um mercado regional?
Confira abaixo o editorial do mês
Há décadas, quando marcas de produtos e serviços desejavam falar com seus consumidores, era ligeiramente fácil programar mídia de forma nacional, estadual e regional. Os meios eram poucos – TV, Rádio, Jornal e Revistas – e os veículos também. Nem se compara aos tempos atuais contando com a infinidade de opções que temos por conta da disrupção provocada pela internet.
As grandes regiões – como os veículos de comunicação e agências de publicidade chamavam – eram aquelas ocupadas por uma praça como a grande São Paulo – 12 milhões de habitantes ou mesmo cidades do interior, como São José dos Campos, hoje com 500 mil habitantes. Todas as praças regionais sempre acionadas pelos publicitários e profissionais do marketing.
Vejamos o caso da diferença enorme que há entre as regiões da cidade de São Paulo. Zona Sul, Zona Oeste, Zona Norte, Zona Leste e Centro. Muitas delas com perfis diferentes, consumidores com comportamento gastronômico, de mobilidade e necessidades das mais diversas.
Será que programar mídia para uma cidade toda como São Paulo significa ser assertivo?
Fazendo uma leitura mais aproximada de uma região de São Paulo, imagine que só a zona leste de São Paulo tem uma população estimada de 4,5 milhões de habitantes. Ela é maior que países como Líbano, Uruguai e Nova Zelândia.
O Tatuapé, bairro tradicional da região, com aproximadamente 100 mil habitantes, tem 15 mídias impressas, porém, com a chegada das redes sociais, passou a produzir alguns canais de contato mais fortes que muitas delas juntas.
Um deles é o perfil de facebook chamado Viva Tatuapé. São mais de 94 mil seguidores e a página conta com exposições de vídeos rápidos e conteúdos sobre lançamentos, inaugurações, curiosidades, acidentes etc. Teoricamente com investimento baixo, a mídia chega a ter audiência para mais de 100 mil visualizações por vídeo. Audiência até quatro vezes maior que a tiragem de veículos impressos da região.
É claro que conteúdo e responsabilidade editorial são questões importantes, mas o poder de conexão destes novos canais é enorme.
Tem o caso do portal diário de notícias regionais sobre a zona leste de São Paulo – spjornal.com.br. Hoje ele recebe cerca de 120 mil visualizações mensais – o que se tratando de mídia local é o mais acessado do segmento em São Paulo, ainda mais porque é turbinado pela presença descolada nas redes sociais facebook, twitter, instagram, youtube e whatsapp.
Não muito distante, foi criado recentemente o perfil TV Zona Leste. Não possui oficialmente um site ou canal no youtube, porém, sua página no facebook abriga mais de 10 mil seguidores. O conteúdo profissional das gravações com tomadas externas e até aéreas chega a bater mais de 200 mil acessos. Todas as filmagens falam da realidade jornalística e comercial da Mooca, Itaquera, Vila Carrão e tantos outros bairros.
Sobre a agência Pérgola
A Agência Pérgola Propaganda, que também atua na zona leste e tem 95% de seus clientes na região, passou a oferecer combos de serviços como sites, redes sociais, vídeos e assessoria de imprensa por valores acessíveis. O crescimento da empresa foi de 600% entre 2015 e 2017 e a justificativa é que há no mercado local muitos empresários emergentes que precisam de assistência em comunicação.
Recentemente o Jornal de Vila Formosa recebeu uma ação inédita nas mídias locais. A Agência Molotov, que representa o Spani Atacadista, rede do interior que está chegando à SP, criou um trabalho convergente de publicidade com anúncio impresso nos jornais, banner no portal, posts nas redes sociais Instagram, Facebook, Twitter e impulsionamento de conteúdo.
Nesta ação para ao Spani Atacadista, uma agência do interior pensou algo que as agências que são de SP não pensaram. E muitas vezes as grandes agências de São Paulo negligenciam as mídias locais para investir em mídia massiva, sem considerar os novos canais de bairros. Talvez porque é mais fácil e/ou as comissões são maiores para investimento nos grandes veículos.
Entretanto, será que uma campanha de publicidade da NET ou da Vivo que é promovida para a cidade inteira não provoca chateação no consumidor quando ele liga para contratar um serviço e na região (bairro) ainda não está disponível?
É claro que muitas empresas locais precisam se reinventar e acompanhar o processo de modernização do mercado de comunicação, porém, é preciso também que o alto mercado olhe para os negócios regionais que estão surgindo e se transformando em boas opções de mídia para investimento de grandes marcas.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Vídeo: Pensar, produzir e bombar!
Confira abaixo o editorial do mês
O vídeo é uma ferramenta importantíssima de conexão com stakeholders.
Stakeholders é o termo em inglês que se dá a todos os públicos com os quais uma empresa pode se conectar por interesse, por exemplo: clientes, funcionários, prestadores de serviços, comunidade local, terceirizados etc.
As redes sociais ajudaram esta importante ferramenta a ocupar ainda mais espaço no processo de recepção e entendimento das mais variadas mensagens.
Sejam os resultados clipes, comerciais, vídeos institucionais, reportagens, takes, short vídeos, filmes ou curtas, o que importa é que os dois sentidos trabalhados juntos – audição e visão – geralmente são imbatíveis na capacidade da percepção de um conteúdo.
Basta observar a quantidade de youtubers que surgiram nos últimos anos como Felipe Castanhari, Whinderson Nunes, Felipe Neto, Kéfera Buchmann, entre tantos outros para ver o quanto vivemos uma revolução de mensagens, canais e opções.
Isso sem considerar os artistas televisivos que colocam seus programas à disposição para serem vistos a hora que as pessoas quiserem no Youtube ou Facebook. Danilo Gentili e Fabio Porchat, por exemplo, utilizam desta convergência.
Muitos diziam que rádio, jornal e televisão morreriam com a chegada de outras mídias. Na verdade, com a chegada da internet, todos eles se potencializaram. A audiência de um canal se multiplicou com a internet e com o celular, assim como os vídeos e conteúdos que também foram mais propagados.
Voltando no tempo
Quem não se lembra de algum clipe, vídeo engraçado, pegadinha, situações adversas ou flagras de ações policiais e do cotidiano filmados por pessoas?
Um exemplo é o famoso clipe do sul-coreano Psy com o hit “Gangnam Style” que contou com 2,9 bilhões de visualizações. Ele foi ultrapassado pelo hit “See You Again” de Wiz Khalifa com 2,93 bilhões. Todos eles grandes produções e inteligentes em seus enredos.
Além dos famosos clipes e comerciais, as ações de publicidade também chamam a atenção dos consumidores. Basta lembrar da marca Heineken que simulou a reação de três homens que ganharam a exclusividade de assistir a final da Champions League em um bar regado a cerveja e muita curtição, porém, não sabiam que suas esposas tinham ganhado as passagens para assistir a final na Europa. Resultado: 3,6 milhões de visualizações e milhares de comentários positivos em todas as rodas de conversa e gerando buzz – repercussão.
Hoje, através da internet, vídeos com palestras motivacionais ou treinamentos para funcionários podem ser adquiridos , facilitando o processo de capacitação. Antes dessa facilidade era necessário que o palestrante fosse necessariamente ao vivo, no horário definido.
Isso sem falar nos vídeos com infográficos que são usados em redes sociais e até no ambiente do marketing político expondo números e resultados com persuasão. Basta lembrar como foi a campanha de Dilma Rousseff em 2014 que teve a arquitetura visual de sua propaganda voltada à infografia.
Construtoras também optam agora por vídeos com tour 360º interativo – que permite mostrar ambientes com controle de visualização a partir de um ponto fixo, onde o usuário pode navegar, através da internet, e experimentar o lugar de forma imersiva.
Um vídeo que tenha “pegada” comercial ou sobre qualquer serviço que seja, precisa ser sucinto. Hoje em dia o tempo e atenção são preciosos e quanto mais objetividade melhor.
O tempo e o conteúdo precisam ser pensados de acordo com a ocasião e contar com a sensibilidade dos produtores em relação ao público-alvo.
O que vai ditar o comportamento e o ritmo de um material audiovisual serão, sem dúvidas, a edição, os efeitos sonoros e o roteiro – estes sim elementos vitais que se bem elaborados impulsionam o conteúdo da maneira desejada.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Vendas: um trem bala de persuasão!
Confira abaixo o editorial “Vendas: um trem bala de persuasão!”
Tenho o privilégio de trabalhar há 15 minutos a pé de minha casa. Muitas vezes venho de bicicleta e até caminhando com minha cachorra.
Porém, trabalhando no mercado de comunicação, e em São Paulo, é natural rodar pelos pontos mais distantes entre si em questão de dias.
Não foi diferente na semana anterior ao natal.
Fico na zona leste, mas fui atender um cliente na zona sul.
Na ocasião e horário era mais negócio ir de metrô e trem do que de carro.
Sempre vi vendedores ambulantes em torno das estações. De um tempo para cá, alguns começaram a vender dentro dos vagões.
E, nesta última passagem, notei uma grande quantidade deles.
A variedade dos produtos vendidos também chama atenção. Chocolate, fone de ouvido, bala, chiclete, capa protetora de celular, capa de RG e, por incrível que pareça, até purê de batatas!
Rápidos e persuasivos, a maioria dos ambulantes fazem sua propaganda em um vagão e depois saem para um outro com receio da denúncia ou de serem pegos pela fiscalização.
Muitos dos vendedores também contam com alguns ajudantes que fingem se interessar e comprar o produto, o que fatalmente leva outras pessoas a prestarem atenção no processo e, é claro, comprarem de fato.
Eis que um rapaz grita: “Vendo Pop Socket Cell Phone”.
Eu nem sabia o que era, do que se tratava, mas fiquei interessado pela maneira como vendia, afinal, era o quarto vendedor que entrara no vagão no percurso de seis estações.
Ele explicou de uma maneira muito clara, com uma colocação das palavras de maneira bem pontual. Até falou o nome das celebridades que foram fotografadas usando o produto – que nada mais é que um suporte para celular que promete evitar quedas do aparelho.
Seu discurso estava se estendendo quando mais uma estação chegou.
Como trata-se de uma atividade irregular, ele parou de falar enquanto as portas não fechavam novamente.
Os interessados compraram, porém, no decorrer da viagem, o rapaz retira um rádio comunicador do bolso e chama por companheiros em outros vagões avisando sobre a fiscalização que encontrariam no sentido contrário. Sim, ele estava de olho na fiscalização enquanto vendia e parecia coordenar as vendas.
Ao final disse que o preço e promoção anunciados aos passageiros só encontrariam no “Shopping Trem”!
Sei que trata-se de uma atividade não legalizada, mas a mecânica da coisa me chamou muito a atenção.
Que o brasileiro é criativo, todos sabem, entretanto, é inegável que a ação foi bem feita, com comunicação exposta, venda realizada, planejamento de entrada e saída, preocupação com concorrência e apoio aos colegas de trabalho.
Vejo hoje em dia a carência enorme de clientes que precisam de profissionais para trabalhar na área comercial com “jogo de cintura” similar.
Na verdade, algumas empresas até pagam muito bem já no início e mesmo assim não encontram pessoas com iniciativa de vendas.
Me perguntei, ao final da exposição do rapaz, se estamos procurando no lugar certo.
Quantos jogadores de futebol foram descobertos porque olheiros abriram, literalmente, seus olhos para o mundo visitando campos de várzea, futebol nos bairros, escolinhas etc?
Será que os caçadores de talentos não observaram ainda os talentosos vendedores nos transportes e espaços públicos em geral?
A necessidade de fazer o dinheiro no final do mês, principalmente de quem vive na informalidade, é intensa e sabe-se lá qual o tipo de problema que estas pessoas enfrentam em casa.
Penso que quanto mais difícil a situação, maior é a garra desta galera que vende nas ruas.
Quantas pessoas marcam a vida da gente pelo bom atendimento, educação e venda? Sem dúvidas este rapaz marcou sua passagem naquele trem.
Sem saber, ele tem hoje um artigo escrito por sua determinação.
Ele pode estar errado perante o rigor da lei, mas como vendedor está certo diante da essência da profissão e seu DNA comercial.
Afinal, o que seria das vendas se não fosse a necessidade do sustento de um indivíduo ou sua família, não é mesmo?
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.