Don´t cry for me, Argentina
Uma das músicas mais emblemáticas da história, “Não chores por mim, Argentina”, faz parte do albúm Evita, escrita pelo músico e compositor Andrew Lloyd Webbe em 1976.
O albúm virou um musical mundial que conta a história de Evita Perón – a dama da esperança do povo Argentino – que ficou eternizada em vozes como Madonna, Sarah Brightman, Olivia Newton-John, entre muitas outras.
Falando em “choro”, na Argentina, inclusive, o presidente Lula e o ministro da Fazenda Fernando Haddad, estiveram presentes, recentemente, em uma série de compromissos. Em um dado momento foi abordado a possível criação de uma moeda entre Brasil e o país.
Sem ao menos saberem os detalhes, bolsonaristas radicais e fanáticos prontamente fizeram críticas e promoveram aquela natural enxurrada de reprovação regada a muita fakenews.
Já os Lulistas radicais e fanáticos, sem ao menos entenderem do que se tratava a amplitude do tema, saíram em defesa da tal moeda e de Lula, obviamente.
O curioso do fato é que em março de 2019, há 4 anos, o então presidente Jair Bolsonaro e seu ministro da Fazenda Paulo Guedes, também visitaram a Argentina e discorreram sobre a tal moeda.
Na época, Bolsonaro e Paulo Guedes defenderam com veemência a ideia.
O curioso é que na ocasião da viagem, os lulistas fanáticos diziam que se tratava de um absurdo, que não fazia sentido algum uma moeda única e que a economia da Argentina estava frágil.
Ao contrário dos lulistas, os bolsonaristas fanáticos diziam que era o tal do livre comércio e que o então presidente estava criando boas relações no exterior. Diziam que o país estava recuperando a sua devida importância no cenário internacional, etc.
Discursos idênticos, não?
Tanto da situação quanto da oposição.
Esse é só mais um diagnóstico constatado da tal indignação seletiva.
Como funciona: se uma ideia é de alguém que eu gosto, de alguém que defendo ou de alguém que sou “cegamente apaixonado”, essa ideia vale e está aprovada.
Do contrário, não vale!
O fanatismo impede até um estudo mais aprimorado e abertura mental para o conhecimento.
Além da maioria dos que criticaram não terem uma formação mínima em economia, esse povo nem foi buscar mais dados sobre se a moeda valeria na América Latina inteira, que as moedas Real e Peso continuariam existindo, que demoraria até 5 anos para a total implementação, etc.
Parte considerável da sociedade rasa em que vivemos não quer se informar adequadamente sobre algum assunto.
E mesmo assim, querem o título e o reconhecimento como se fossem especialistas em economia e política.
Contato com radicais e extremistas se evita – neste caso, sem trocadilho com a Evita, a Perón Argentina.
* Antonio Gelfusa Junior é publicitário e professor do SEBRAE.
Foto: Divulgação.
Se você quer conferir outros conteúdos como este aproveite e acesse a home de nosso site.
Bolsonaro elegeu Lula
Em 2018 a vontade das urnas brasileiras elegeu Bolsonaro para presidente da república.
Ele jamais havia sido eleito para um cargo do executivo em sua história.
Jair Bolsonaro foi vereador e deputado federal. Trajetória, inclusive, parecida com a de Lula, que antes de se tornar presidente em 2002, tinha apenas uma única passagem na câmara federal e também não havia ocupado qualquer cargo no poder executivo.
Bolsonaro, com sua força nas redes sociais e discursos antagônicos somados às frustrações promovidas pelo PT no período de 2002 a 2016, recebeu – no colo – a eleição de 2018.
O prenúncio da polarização entre esquerda e direita já dava suas caras na eleição de 2014 com o embate de Dilma Rousseff e Aécio Neves.
O calor da mídia, o espetáculo promovido pela lava-jato e a prisão de Lula – ao longo dos anos – ajudaram Bolsonaro a ter a liderança de ponta a ponta daquela eleição.
Petrolão, mensalão, loteamento de cargos ao centrão e aparelhamento de estatais foram um dos motivos do descrédito do PT em suas gestões.
O último governo do PT, por exemplo, foi desastroso. Terminou com o impeachment de Dilma Rousseff. Não por corrupção, mas por pura inabilidade política.
A frustração com o PT no país abriu espaço para o crescimento de uma corrente oposta: o bolsonarismo.
Com personalidade forte, Bolsonaro foi eleito bem ao seu estilo: ríspido, estúpido e com muitos discursos altamente conservadores.
Porém, em pouco tempo, o governo de Jair Bolsonaro, de direita, se mostrava parecido com os últimos governos de esquerda.
Logo a gestão atual se envolveu em escândalos, se alinhou ao centrão, loteou cargos para a base aliada e, rapidamente, estava nos braços de símbolos da corrupção brasileira como Valdemar da Costa Neto, Roberto Jefferson, Fernando Collor de Mello e Eduardo Cunha – curiosamente parceiros do PT e de Lula nos anos anteriores.
Mas algo foi vital na derrocada do atual governo.
Sem dúvidas o tendão de aquiles foi a covid-19.
Além de diminuir e negar a pandemia, o presidente receitou – como se médico fosse – remédio sem eficácia, atrasou propositalmente a aquisição de vacinas e deixou à frente da pasta da saúde alguém sem qualquer conhecimento técnico.
Sua rejeição está totalmente ligada à falta de empatia pelos mortos e pelo execrável sadismo de imitar pessoas com falta de ar.
Qualquer povo deseja ouvir de um chefe de estado palavras de conforto, ainda mais em uma situação atípica sem precedentes.
Bolsonaro fez totalmente o contrário do que é recomendado por qualquer assessor político e analista de comunicação – por mais “meia boca” que fosse.
Resultado: se tornou o primeiro presidente a não conseguir uma reeleição após a redemocratização.
Não que uma reeleição seja algo bom. Muito pelo contrário.
Democracia saudável é aquela que alterna poder.
Mas o recado foi dado nas urnas, mais uma vez.
Erros graves na condução política entregam – de bandeja – uma eleição ao adversário, por mais rejeitado que ele também seja.
Independência é o escambau!
A história mostra, desde os portugueses, que 7 de setembro é dia do passador de pano, do gado, do mortadela, do paga-pau!
O Brasil, que era dos índios, hoje têm seus representantes: os corruptos e os fanáticos!
Manifestam porque perderam base e aceitação, mas calma, são apenas lunáticos.
Ahhhh, e esse povo achando que algum presidente é salvador?
Amigo, desculpe desapontar, mas político é sustentado com nosso dinheiro. Não é Deus, é apenas um servidor.
O atual e o ex-presidente prometem matar – dos filhos da nação – a fome e acabar com a corrupção.
Mas são de seus legítimos nascidos que vemos a fartura, a riqueza e aquela bacanuda e milionária mansão.
Gasolina cara, que só vai pra cima.
Sabe quem é o culpado? Óbvio: o inábil e incompetente genocida.
E não adianta amenizar os gastos com carro flex.
Com forte promessa o Brasil deve “voltar aos trilhos” com o tal cara mais honesto do país, aquele lá do triplex.
“Fake-news”, “negacionistas”, “coxinhas”, “comunistas”, esse é o novo vocabulário.
Foi bem criado para ajudar políticos de estimação que só fazem você de otário.
É sobre isso.
Um Brasil rachado, da rachadinha.
7 de outubro é dia de orgulho, mas não consigo ficar calado, não sossego.
Até porque Lula e Bolsonaro eu nunca votei, essa culpa eu não carrego.
O dia que o nosso povo acordar aí sim será independente.
Já pensou?
Um país maravilhoso sem vagabundos que mentem?
Já quero!
Jovens prodígios
Flávio Bolsonaro e sua esposa compraram uma mansão de 5,9 milhões de reais.
Ela tem 1.000 metros quadrados e uma piscina bacanuda.
50% foi financiado pelo Banco de Brasília para pagar em 30 anos.
Informação confirmada pela CNN e revelada pelo site o Antagonista (aquela mídia que Jair Bolsonaro adorava compartilhar informações, mas que agora odeia).
Flávio é investigado no escândalo das rachadinhas – que é caracterizado pela devolução de parte dos vencimentos de servidores –, prática essa infelizmente comum nos gabinetes de parlamentares Brasil afora.
Fico pensando aqui que com salário de R$ 25 mil reais, como senador – e mesmo tendo uma franquia de negócios (desde 2015) – se os padrões se justificam.
Não, né?
R$ 25.000,00 X 12 meses = R$ 300.000,00.
Com 3 anos de mandato como senador teria juntado R$ 900.000,00 caso não tivesse mexido em nenhum recurso desde então.
Até mesmo somados a outros anos como deputado e o apoio da esposa na compra, essa conta não fecha.
Sem falar que trata-se de um parlamentar com sérios problemas na justiça há algum tempo.
Com tantas investigações e escândalos, ainda temos – completados recentemente – um ano ativo de pandemia.
Acredito que qualquer elevação patrimonial nestes moldes, num momento como esse, é minimamente imoral para qualquer político.
Não dá para tapar o sol com a peneira porque já vimos esse filme.
Você aí do outro lado – que já defendeu sítio em Atibaia, Triplex no Guarujá e palestras de R$ 400 mil – hoje está consternado, confere?
Vi gente que aqui também já repudiou esse padrão de vida megalomaníaco dos políticos e de seus filhos nos tempos pretéritos, mas hoje defende o “direito ao progresso” do primogênito do ‘mito”.
“Lula sabia de tudo e Bolsonaro não sabia de nada”.
“Lula não sabia de nada e Bolsonaro sabia de tudo”.
Seja lá o lado que você está, só sei que os pais destes filhos devem estar muito orgulhosos da evolução patrimonial dos mesmos.
Jovens prodígios que fala, né?
Um brinde com champanhe na piscina e sem aglomerações (apenas para os mais pobres).
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Covas ou Boulos?
Confira abaixo o editorial deste mês
Covas ou Boulos? — O segundo turno em São Paulo será mais curto.
No próximo domingo os paulistanos vão decidir o futuro da administração pública municipal nos próximos 4 anos.
De um lado, Bruno Covas, PSDB, que tenta reeleição.
Do outro, Guilherme Boulos, PSOL, chegando em um segundo turno de eleição pela primeira vez na história.
Bruno Covas carrega o histórico do PSDB de abandono das prefeituras em São Paulo. Foi assim com José Serra e João Dória, ambos do mesmo partido. Deixaram a prefeitura para concorrer ao Governo do Estado de SP, mesmo ambos dando a palavra que não o fariam.
Bruno é neto do ex-prefeito e governador de SP, Mário Covas. Está na vida pública há anos como vereador, deputado e vice-prefeito, assumindo recentemente na saída de Doria. Covas tem o apoio do centro e centro-direita.
Bruno Covas luta contra um câncer e tem procurado mostrar através de suas propagandas que está bem para seguir em frente. No período de seu tratamento a cidade foi comandada pelo presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Eduardo Tuma. Recentemente, por conta da pandemia, atuou no problema de maneira singular e tem usado essa postura de enfrentamento em sua campanha.
O candidato à vice-prefeito na chapa de Covas é Ricardo Nunes, ex-vereador. Carrega liderança na igreja católica e movimento de empresários na Zona Sul da cidade. A insegurança de uma investigação por violência doméstica e desvio de verbas das creches em SP tem pautado os últimos debates e informações sobre seu nome.
Guilherme Boulos tem 20 anos de participação de movimentos populares por moradias. Carrega em seu histórico o apoio à política de esquerda. Esteve junto à Lula por diversas vezes.
Boulos foi candidato à presidente pelo PSOL em 2018 e cresceu como alternativa para à esquerda e centro-esquerda na cidade, uma vez que o terreno ocupado pelo PT e outras frentes similares foram sendo esvaziadas de 2016 para cá.
Professor e filósofo, Boulos mora na periferia e deseja dar voz aos extremos e camadas mais pobres da maior cidade do Brasil. Em sua campanha, tem lutado para desmistificar as ocupações promovidas ao longo de sua trajetória, justificando-as por serem realizadas em terrenos e propriedades inativas e com dívidas ao governo.
A candidata à vice-prefeita na chapa de Guilherme é Luiza Erundina. Primeira prefeita eleita de SP, Erundina carrega histórico parlamentar como deputada e atuação positiva aos professores e movimentos de mutirões e moradias populares.
Ao que tudo indica, os votos de Márcio França devem ser diluídos aos dois, meio a meio. Jilmar Tatto deve transferir os votos ao Boulos, pela identidade política dos partidos. Já os eleitores de Arthur do Val devem depositar a confiança em Covas.
Resta saber como se comportarão os votos de Russomanno.
Se Covas se aproximar da periferia, talvez amplie a vantagem sobre Boulos.
Se Boulos, agora com mais espaço na mídia, explorar os ruídos sobre o vice de Covas e conseguir ganhar a confiança dos eleitores dos extremos da cidade, talvez surpreenda.
Em duas semanas saberemos se os paulistanos vão optar por manter tudo do jeito que está ou apostar em uma nova corrente política na cidade.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Você é centrada(o)?
Quando um ser humano é equilibrado e sensato costumamos dar a ele o adjetivo de centrada(o).
Aquele que está ao centro é aquele que se mantém em poder de observar o horizonte por várias perspectivas, esquerda, direita, frente, trás, por cima e abaixo.
Alguns dizem que pessoas centradas estão em cima do muro e por isso não tomam posição.
No jargão político, o centro, ficou conhecido como pessoas e partidos que fecham acordos com todo governo.
Seus interesses são sempre em ser a situação de uma gestão, nunca de oposição, logo, manter as mamatas – adjetivo simplificado daqueles que “mamam nas tetas” do erário – é sempre uma prioridade.
Ser de esquerda, de direita e de centro, num país ainda adolescente em amadurecimento político, é visto como problema, como rótulo, como acusação moral de escolhas entre certo e errado.
Ser republicano, democrata, de direita, e esquerda, centro, trabalhista, socialista, progressista, liberal, evangélico, espírita, católico não é certificado para ninguém estar acima da lei e da razão.
Tão criticado quando negociou com PMDB, Lula perdeu sua credibilidade para obter maioria no Congresso.
Permitiu o maior esquema de corrupção da história. Apertou a mão de Maluf (PP), de Sarney (PMDB) e de Fernando Collor (PTC) – símbolos da corrupção.
E se tornou um.
Bolsonaro se elegeu prometendo não negociar com o centro, não lotear cargos e dar aos ministros liberdade para suas ações.
Em um ano e meio de governo já interferiu no ministério da saúde – a mais sórdida e desumana das intervenções, defendendo algo não comprovado pela ciência em lugar algum do mundo.
Já interferiu nas investigações da Polícia Federal por interesses próprios e escusos em relação à sua família. Vale ressaltar que isso culminou com a saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça.
E agora negocia com o velho “centrão”, para obter maioria da Câmara. Assim não corre riscos de um impeachment e de perder ainda mais sua governabilidade.
Também já loteou cargos, além de movimentar os bastidores com políticos e assessores das figuras já conhecidas como Valdemar Costa Neto (PL), Roberto Jefferson (PTB) e Gilberto Kassab (PSD), todos eles investigados nos mais diversos fronts da corrupção brasileira.
Em reunião recente, com vídeos divulgados, o atual presidente mostra exatamente aquilo que sua atual imagem pública tem apresentado: falta de preparo, autoritarismo e desrespeito às instituições públicas e aos cidadãos, que enfrentando o pior caos de saúde e economia de sua história, pouco foram lembrados em uma reunião ministerial.
Liderança, nos tempos atuais, no ambiente público e privado, não se conquista com xingamentos, com autoritarismo, com assédio moral.
Não é só errado e grosseiro. É cafona.
Esse estilo de gestão não é mais aceito em líderes há anos.
Liderança se apresenta com ações centradas, bom senso, eloquência, energia de gestão e autoridade.
Qualidades que passam longe das características deste presidente eleito pela maioria dos brasileiros.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Nossa 3ª Guerra
Em meados de 1945, depois de 4 anos na Índia e 2 anos na Inglaterra como prisioneiro de guerra, meu avô paterno voltou para sua casa, na região de Lazio, Itália.
Irreconhecível, sujo, muitos quilos a menos, surpreendeu minha avó, que pensava que se tratava de algum morador de rua.
Na 2ª Guerra Mundial, homens e mulheres (na maioria homens), precisavam se alistar, combater e participar, sem concordar ou aderir.
Tinha que ir e pronto!
Nos campos de concentração, meu avô e outros prisioneiros viviam em condições precárias.
Insetos e outros pequenos animais eram complemento ou o cardápio de suas refeições.
Ouvi por muito tempo meus familiares contarem isso.
Eu não o conheci pessoalmente, morreu antes de meus pais se casarem.
Retorno hoje para 2020, período em que vivemos uma guerra sem armas, que nos exige um alistamento e comportamento diferente daquilo que rolava no passado.
Não é possível viver de novo o que aconteceu em nossa história, mas podemos refletir.
Não há arma ainda capaz de combater o vírus e por fim nesta quarentena.
A solução criada para evitar sua proliferação é o isolamento social.
Essa nossa 3ª Guerra atinge todas as pessoas, não nações específicas, nem classes sociais.
Não há arma, investimento militar ou dinheiro possível que possa deter o avanço.
Hoje, o inimigo é pequeno, invisível, microscópico.
No passado, quantas pessoas se apresentavam para o combate no “front” e não voltavam mais para seus lares?
Na guerra atual temos uma chance de evitar mais mortes: fazer nossa parte, ficar em casa e enfrentar, com isolamento, a propagação da covid-19.
O enfrentamento do momento é conhecer nossa mente, nossos pensamentos, nossos limites, nossos vilões emocionais, nossas relações com as pessoas e com o mundo.
Ficar em casa também é uma oportunidade única de conhecer melhor seus pares e a si mesmo.
Aproveite este tempo também para arrumar suas coisas (emocionais e físicas), conserte, trabalhe, discuta, desculpe, perdoe, chore, ligue, abrace virtualmente, mas acima de tudo, ame!
Crianças não verem seus avós, e adultos não verem seus pais e amigos, trata-se de um ato de amor.
Por amor as pessoas não precisam deixar suas casas (como se fazia nas guerras do passado), e sim, ficar nelas.
Se no passado, para preservar os avós, crianças e mulheres, os alistados e alistadas tinham que odiar e matar (ou morrer por) um semelhante de uma outra nação, hoje, para resguardar nossos pais e idosos, precisamos, “simplesmente”, nos isolar.
Tempos difíceis virão, mas nem se comparam a dor das complexas travessias emocionais que as guerras do passado promoveram.
Ter paciência e combater a ansiedade são, por enquanto, munições básicas para o momento.
Vamos em frente, até porque tempos difíceis fazem mulheres e homens fortes.
E mulheres e homens fortes farão tempos mais fáceis.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
A culpa é nossa!
Nós negligenciamos o descarte de lixo na cidade.
Do morador mais humilde ao mais abastado.
O lixo muitas vezes não é reciclado. Alguns até jogados em rios e bueiros.
Apenas 7% do total da cidade é reciclado.
Ocupamos as encostas de morros por falta de políticas inteligentes de moradia e conscientização. Naturalmente por falta de condições e conhecimento também.
Mas também ocupamos as moradias elitizadas em prol do avanço e evolução da vida material. Para qualquer item quebrado ou sem serventia, jogamos tudo fora, seja eletrônico ou entulho, não importa o bagulho!
Poucas vezes procuramos os locais adequados para descarte de itens inservíveis.
Essa atitude pouco reflexiva, não tem classe social, ela é sistêmica.
Reclamamos do PT do Haddad que não entregou as obras contra enchentes – prometidas na gestão anterior. Um fato.
Mas elegemos o Doria do PSDB (que abandonou a prefeitura), e temos uma gestão que não gasta 41% do investimento para obras contra enchentes e também negligencia o assunto.
E continuamos votando nos mesmos.
Por outro lado, chove o total de um mês esperado em poucas hora na cidade.
Mas que cidade e estrutura comportaria, né?
Enfim, o meio ambiente nos alerta faz tempo: à necessidade de reciclagem e reutilização, à necessidade de mais plantação de árvores, à diminuição de poluentes, etc.
Faz tempo que a natureza pede mais empatia.
Mas nós deixamos o debate para depois.
Sempre para depois.
Temos coisas “mais importantes” para resolver.
Até o dia que tudo parar e aí precisaremos refletir.
Ou até um dia que não teremos mais nada.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Nossa consciência negra!
Em pleno Dia da Consciência Negra, feriado deste último dia 20 de novembro, o professor da UNESP e jornalista, Juarez Tadeu de Paula Xavier, que é mestre e doutor pela USP, foi chamado de macaco e esfaqueado.
O crime ocorreu próximo a um supermercado na cidade de Bauru, onde o professor reside com sua família e estava a caminho de suas compras.
O ataque foi gratuito e o agressor ao ser questionado por Juarez, munido de um canivete, perfurou o professor.
O suspeito da agressão (segundo o portal G1) é Vitor dos Santos Munhoz, de 30 anos, que foi preso e liberado após pagar fiança de R$ 1 mil. Ele pode responder pelos crimes de injúria racial e lesão corporal.
Esta data, o Dia da Consciência Negra, é importante justamente por conta de centenas de situações como estas que acontecem todos os dias.
“Jamais imaginei que passaria por isso aqui [em Bauru], ser atacado por alguém que me xinga de ‘macaco’ e anda armado na rua. Isso é inaceitável. Sou capoeirista e acho que por isso estou agora falando sobre isso”, disse o professor ao portal G1.
Negar que há racismo no país é a maior prova de inabilidade intelectual e empática que um indivíduo, habitante do século 21, pode ter.
Em recente trecho de uma postagem em suas redes sociais o professor Juarez Xavier, que é militante do movimento negro no país, disse: “O Brasil é um país patriarcal, segregacionista e supremacista branco. Aqui, mulheres, pobres, pardos e pretos (negros) e a população LGBTI+ são mortos, cotidianamente, em escala industrial. Todos os dados macroambientais, como o Atlas da Violência, baseados em informações colhidas nos registros de atestados de óbitos, comprovam essa proposição”.
A escravidão durou 3 séculos neste país. Anos de muita injustiça.
Os escravos que não trabalhassem, recebiam dos brancos castigos terríveis, surras com chicotes e torturas com instrumentos de ferro.
Alguns não aceitavam, e quando conseguiam, fugiam para esconderijos no meio do mato, chamados de quilombos.
Sorte a nossa que os negros querem igualdade e não vingança.
Ao professor Juarez nosso desejo de pronta recuperação e que esta situação o impulsione ainda mais na liderança intelectual e política para os embates necessários em prol do movimento negro no país.
Axé professor!
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Presidente de 5ª!
Confira abaixo o editorial “Presidente de 5ª!”
Nos espaços de editoriais aqui da empresa tenho me arriscado, ao longo dos últimos anos, a escrever um pouco sobre política e minha visão de mundo.
As críticas da área jornalística aos nossos chefes de governo nunca foram privilégios de políticos de partidos específicos.
A conduta de profissionais do ramo político como: Lula, Geraldo Alckmin, Dilma Rousseff, Michel Temer, Paulo Maluf, Antonio Palocci, José Dirceu, Aécio Neves, Marina Silva, Severino Cavalcanti entre tantos, sempre foi alvo não só deste singelo espaço, mas dos editoriais mais amplos e renomados de nosso segmento, nacional e internacional.
Como eleitor, me sinto também tranquilo para opinar em relação ao atual presidente – eu não votei nele.
E quanto ao seu opositor nas eleições de 2019, da mesma forma: não votei em Fernando Haddad.
Sendo assim, não pretendo ficar em cima do muro.
Anulei sim meu voto, porque ambos significariam um grande retrocesso! Esta afirmação já é suficiente para uma conversa profunda de direita e esquerda para mais de 12 horas!
Bolsonaro na época da eleição já se mostrava uma figura atrapalhada, despreparada e preconceituosa.
De uma maneira geral, não é a primeira vez que a incompetência gere nosso país.
Para falar a verdade estamos até bem acostumados, infelizmente.
Quanto ao Fernando Haddad, mesmo se tratando de um professor, foi impossível votar em alguém que significaria a sequência de um sistema que aparelhou a máquina pública corrompendo inclusive alianças tradicionais da corrupção tupiniquim, o tal PMDB “fecha com tudo e todos”.
Mas quero falar de Bolsonaro.
Já falei muito de Lula, Dilma, Temer e toda incompetência que já passou por aqui.
Se estes que passaram deixaram um terreno econômico ruim ou não, já foi, é passado.
Temos 8 meses de um governo que tem tomado atitudes de corte de gastos que foram avanços para a máquina pública, sim. De toda forma, tem sido desastroso nas relações humanas, internacionais e políticas.
Veja o caso da Amazônia.
Temos um presidente que não quer enxergar que o negócio, além de sério, mostra uma enorme fragilidade do país em cuidar do próprio nariz.
Os dados do INPE e tantos outros institutos mostravam problemas graves, mas ele preferiu dizer que era tudo mentira. Na verdade, ela já arde faz tempo.
De um lado temos a crise econômica para tentar uma reversão de cenário e de outro uma crise de governo por não dar a devida importância para o desmatamento criminoso que já acontece há anos.
Juntando os dois temas: como um líder de país deseja garantir estabilidade econômica respondendo e agindo como se fosse uma criança de 5ª série?
Me desculpem as crianças de 5ª série.
Mas enfim, sendo grosso, permissivo com um dos filhos se dirigindo com desrespeito a um presidente de outro país, enfim.
O nível de respostas de um presidente deve ser muito mais que intelectual, mas com educação, sem grosseria.
O comportamento é de um imaturidade tremenda e está provado que não sabe lidar com a imprensa e seus críticos.
Ganhou uma eleição sem meu voto, mas é meu presidente sim porque estou em um país democrático.
É óbvio que não torço contra, mas esse comportamento não vai levar o país à construção alguma.
E para fechar, se manter este tom arrogante como tem sido, vai acabar como os outros políticos: tendo ojeriza não de parte da população, mas sim de grande parte.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.