A culpa é nossa!
Nós negligenciamos o descarte de lixo na cidade.
Do morador mais humilde ao mais abastado.
O lixo muitas vezes não é reciclado. Alguns até jogados em rios e bueiros.
Apenas 7% do total da cidade é reciclado.
Ocupamos as encostas de morros por falta de políticas inteligentes de moradia e conscientização. Naturalmente por falta de condições e conhecimento também.
Mas também ocupamos as moradias elitizadas em prol do avanço e evolução da vida material. Para qualquer item quebrado ou sem serventia, jogamos tudo fora, seja eletrônico ou entulho, não importa o bagulho!
Poucas vezes procuramos os locais adequados para descarte de itens inservíveis.
Essa atitude pouco reflexiva, não tem classe social, ela é sistêmica.
Reclamamos do PT do Haddad que não entregou as obras contra enchentes – prometidas na gestão anterior. Um fato.
Mas elegemos o Doria do PSDB (que abandonou a prefeitura), e temos uma gestão que não gasta 41% do investimento para obras contra enchentes e também negligencia o assunto.
E continuamos votando nos mesmos.
Por outro lado, chove o total de um mês esperado em poucas hora na cidade.
Mas que cidade e estrutura comportaria, né?
Enfim, o meio ambiente nos alerta faz tempo: à necessidade de reciclagem e reutilização, à necessidade de mais plantação de árvores, à diminuição de poluentes, etc.
Faz tempo que a natureza pede mais empatia.
Mas nós deixamos o debate para depois.
Sempre para depois.
Temos coisas “mais importantes” para resolver.
Até o dia que tudo parar e aí precisaremos refletir.
Ou até um dia que não teremos mais nada.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Nossa consciência negra!
Em pleno Dia da Consciência Negra, feriado deste último dia 20 de novembro, o professor da UNESP e jornalista, Juarez Tadeu de Paula Xavier, que é mestre e doutor pela USP, foi chamado de macaco e esfaqueado.
O crime ocorreu próximo a um supermercado na cidade de Bauru, onde o professor reside com sua família e estava a caminho de suas compras.
O ataque foi gratuito e o agressor ao ser questionado por Juarez, munido de um canivete, perfurou o professor.
O suspeito da agressão (segundo o portal G1) é Vitor dos Santos Munhoz, de 30 anos, que foi preso e liberado após pagar fiança de R$ 1 mil. Ele pode responder pelos crimes de injúria racial e lesão corporal.
Esta data, o Dia da Consciência Negra, é importante justamente por conta de centenas de situações como estas que acontecem todos os dias.
“Jamais imaginei que passaria por isso aqui [em Bauru], ser atacado por alguém que me xinga de ‘macaco’ e anda armado na rua. Isso é inaceitável. Sou capoeirista e acho que por isso estou agora falando sobre isso”, disse o professor ao portal G1.
Negar que há racismo no país é a maior prova de inabilidade intelectual e empática que um indivíduo, habitante do século 21, pode ter.
Em recente trecho de uma postagem em suas redes sociais o professor Juarez Xavier, que é militante do movimento negro no país, disse: “O Brasil é um país patriarcal, segregacionista e supremacista branco. Aqui, mulheres, pobres, pardos e pretos (negros) e a população LGBTI+ são mortos, cotidianamente, em escala industrial. Todos os dados macroambientais, como o Atlas da Violência, baseados em informações colhidas nos registros de atestados de óbitos, comprovam essa proposição”.
A escravidão durou 3 séculos neste país. Anos de muita injustiça.
Os escravos que não trabalhassem, recebiam dos brancos castigos terríveis, surras com chicotes e torturas com instrumentos de ferro.
Alguns não aceitavam, e quando conseguiam, fugiam para esconderijos no meio do mato, chamados de quilombos.
Sorte a nossa que os negros querem igualdade e não vingança.
Ao professor Juarez nosso desejo de pronta recuperação e que esta situação o impulsione ainda mais na liderança intelectual e política para os embates necessários em prol do movimento negro no país.
Axé professor!
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Presidente de 5ª!
Confira abaixo o editorial “Presidente de 5ª!”
Nos espaços de editoriais aqui da empresa tenho me arriscado, ao longo dos últimos anos, a escrever um pouco sobre política e minha visão de mundo.
As críticas da área jornalística aos nossos chefes de governo nunca foram privilégios de políticos de partidos específicos.
A conduta de profissionais do ramo político como: Lula, Geraldo Alckmin, Dilma Rousseff, Michel Temer, Paulo Maluf, Antonio Palocci, José Dirceu, Aécio Neves, Marina Silva, Severino Cavalcanti entre tantos, sempre foi alvo não só deste singelo espaço, mas dos editoriais mais amplos e renomados de nosso segmento, nacional e internacional.
Como eleitor, me sinto também tranquilo para opinar em relação ao atual presidente – eu não votei nele.
E quanto ao seu opositor nas eleições de 2019, da mesma forma: não votei em Fernando Haddad.
Sendo assim, não pretendo ficar em cima do muro.
Anulei sim meu voto, porque ambos significariam um grande retrocesso! Esta afirmação já é suficiente para uma conversa profunda de direita e esquerda para mais de 12 horas!
Bolsonaro na época da eleição já se mostrava uma figura atrapalhada, despreparada e preconceituosa.
De uma maneira geral, não é a primeira vez que a incompetência gere nosso país.
Para falar a verdade estamos até bem acostumados, infelizmente.
Quanto ao Fernando Haddad, mesmo se tratando de um professor, foi impossível votar em alguém que significaria a sequência de um sistema que aparelhou a máquina pública corrompendo inclusive alianças tradicionais da corrupção tupiniquim, o tal PMDB “fecha com tudo e todos”.
Mas quero falar de Bolsonaro.
Já falei muito de Lula, Dilma, Temer e toda incompetência que já passou por aqui.
Se estes que passaram deixaram um terreno econômico ruim ou não, já foi, é passado.
Temos 8 meses de um governo que tem tomado atitudes de corte de gastos que foram avanços para a máquina pública, sim. De toda forma, tem sido desastroso nas relações humanas, internacionais e políticas.
Veja o caso da Amazônia.
Temos um presidente que não quer enxergar que o negócio, além de sério, mostra uma enorme fragilidade do país em cuidar do próprio nariz.
Os dados do INPE e tantos outros institutos mostravam problemas graves, mas ele preferiu dizer que era tudo mentira. Na verdade, ela já arde faz tempo.
De um lado temos a crise econômica para tentar uma reversão de cenário e de outro uma crise de governo por não dar a devida importância para o desmatamento criminoso que já acontece há anos.
Juntando os dois temas: como um líder de país deseja garantir estabilidade econômica respondendo e agindo como se fosse uma criança de 5ª série?
Me desculpem as crianças de 5ª série.
Mas enfim, sendo grosso, permissivo com um dos filhos se dirigindo com desrespeito a um presidente de outro país, enfim.
O nível de respostas de um presidente deve ser muito mais que intelectual, mas com educação, sem grosseria.
O comportamento é de um imaturidade tremenda e está provado que não sabe lidar com a imprensa e seus críticos.
Ganhou uma eleição sem meu voto, mas é meu presidente sim porque estou em um país democrático.
É óbvio que não torço contra, mas esse comportamento não vai levar o país à construção alguma.
E para fechar, se manter este tom arrogante como tem sido, vai acabar como os outros políticos: tendo ojeriza não de parte da população, mas sim de grande parte.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
É só não atrapalhar!
Confira abaixo o editorial “É só não atrapalhar!”
O aumento da confiança do mercado e do cenário econômico sempre acontece a partir do momento que os ambientes interno, externo, de mercado e político se mostram mais estáveis.
Essa semana duas ações chamaram bastante atenção do cenário empresarial brasileiro.
A primeira e mais importante foi o acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul.
A ação deve zerar as tarifas de importação de veículos para o Brasil em até 15 anos. Vinhos europeus tendem a ficar até 30% mais baratos em até 12 anos.
A proposta é zerar os cerca de 91% de tarifas de alguns segmentos gradualmente na próxima década.
Embora o mundo viva uma mudança de modelo produtivo observando os serviços, tecnologia e cultura sendo os principais ativos frente uma economia mais suja e bruta como a automobilística, é natural que as condições de melhoria devem impactar não somente estes mercados específicos conforme citado, mas também todos que envolvem a cadeia produtiva dos mais diversos segmentos.
Equipamentos industriais, produtos químicos, roupas, produtos farmacêuticos, por exemplo, também terão suas tarifas eliminadas ao longo do tempo.
Ainda nesta semana, do dia 26 a 29 de junho, aconteceu a Feira da ABF – Associação Brasileira de Franchising.
O evento reuniu mais de 60 mil empreendedores e foi uma prova viva da procura e interesse do brasileiro em conhecer e naturalmente investir em negócios e franquias das mais variadas vertentes de marcas e setores.
Foram 407 marcas de exposição, sendo 128 estreantes. E ainda a novidade: 27 redes de franquia com investimentos de até 90 mil. Algumas com investimento inicial de R$ 10 mil.
A maior feira de franquias do mundo é brasileira e mostrou que nosso país além de criativo está ativo e interessado no desenvolvimento dos negócios.
Homens e mulheres, empresários e empresárias, se não fossem eles o país estaria no fundo do poço.
Ainda bem que os temos.
O país precisa do entusiasmo, criatividade e positividade de nossos empreendedores.
Os políticos brasileiros geralmente atrapalham os índices de confiança com suas falas e atuações mal colocadas e desastrosas, isso sem falar da corrupção que geralmente é característico de boa parte desta classe.
Com toda investigação de lava-jato, mudança de governos, instabilidades etc, mesmo assim o ambiente continua fértil e as pessoas apostando em dias melhores.
A classe política não precisa ajudar, porém, basta não atrapalhar que a economia deslancha com toda a certeza.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Sua indignação é seletiva?
Confira abaixo o editorial “Sua indignação é seletiva?”
Acredito que seja de comum acordo entre professores, profissionais da área de educação, mães, pais, gestores de empresas, religiosos, ateus, palmeirenses, corinthianos, enfim, que educação deveria ser encarada como prioridade.
A Coreia do Sul, após intenso período de guerra, era um dos países mais pobres do mundo na década de 60, e resolveu, a partir de então, tratar como prioridade a educação básica.
Eles valorizaram professores, o ensino e o sistema como todo investindo grande parte do PIB no setor.
Hoje o país é um dos líderes em tecnologia e economia, patentes de registro e produção de conhecimento.
Recentemente o presidente Jair Bolsonaro anunciou cortes na pasta de educação.
Ou melhor, vamos falar de “contingenciamento”, como ele declarou posteriormente.
É óbvio que não se pode concordar com isso!
Não votei nele, muito menos aprovo seu estilo estúpido, mas tento exercitar essa empatia de me colocar no lugar do mesmo.
Até porque acredito que administrar contas públicas ou privadas é preciso lidar com cálculos dos mais diversos.
Longe de ser unanimidade, o atual presidente goza ainda de apoio da maioria da população que o elegeu e isso é democrático.
E por mais desastrosas que possam parecer algumas atitudes, ele está fazendo aquilo que prometeu ao seu eleitor: cortar despesas, pautar o armamento, entre outras ações.
Os presidentes que passaram por estes país reduzem a verba das universidades públicas como se as mesmas não estivessem já passando por dificuldades. Algumas até estão sucateadas.
Quanto as questões ideológicas, das faculdades surgiram movimentos políticos importantes para a história do país, que precisam ser valorizados. E também é preciso uma auto-crítica das instituições que, em alguns casos, de espaço de discussão política se transformaram em filial de partidos políticos.
Voltando aos cortes na educação, uma pergunta: porque os cortes neste setor incomodaram tanto parte considerável da esquerda de hoje, mas, entretanto, não incomodou o mesmo grupo de esquerda quando o governo Lula promoveu o mesmo?
Outro exemplo: porque as contratações caríssimas de artistas da virada cultural promovidas pelo então prefeito Fernando Haddad em São Paulo incomodaram tanto a direita na época, mas agora, na virada cultural de 2019, que foi promovida pelo prefeito Bruno Covas, não causou a mesma estranheza?
Toco nesses assuntos para falarmos de algo muito importante.
A indignação neste país, quando se fala de política, é seletiva.
Corte na educação é um grande crime para a oposição. Mas para os governantes da situação é “ajuste fiscal”.
Virada cultural é falta de prioridade para qualquer oposição. Para o governo que promove é “promoção de cultura”.
Os nomes ficam bonitos quando eles defendem né?
Lembro quando Geraldo Alckmin se referiu a crise da água em São Paulo como “restrição hídrica”.
Termo e vocábulo maravilhoso, mas não para as pessoas estavam mais de uma semana sem água em casa em diversas regiões da grande São Paulo.
Esse filme vergonhoso já vimos em administrações de esquerda, direita e centro.
Sejam elas gestões de prefeitura, governos estaduais ou governo federal.
Enquanto a indignação dos brasileiros for seletiva e feita de palanque para ideologias de partidos e oportunistas, teremos sempre a certeza que somos apenas clubistas e fanáticos.
Nada politizados.
Infelizmente não temos políticos que pensam no país como se deveria e a educação, mais uma vez, passa longe de ser tratada com o devido respeito.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Não “Temer” a faxina!
Confira abaixo o editorial “Não “Temer” a faxina!”
Desde os tempos da descoberta do Brasil que o “jeitinho brasileiro” sempre fez parte da realidade política e das relações de nosso povo.
Recentemente foi preso mais um ex-presidente, Michel Temer, aquele que era vice e depois virou definitivo após o processo impeachment de sua antecessora. Movimento este realizado inclusive sob o seu consentimento.
O MDB, Movimento Democrático Brasileiro, tão forte e conhecido na época das “Diretas Já”, na década de 80, se transformava em um ícone da nova política.
Ulysses Guimarães (morto em um acidente de helicóptero em 1992), Tancredo Neves (eleito presidente e morto antes de assumir o cargo em 1989) e Franco Montoro eram os principais figurões, líderes e atuantes em um momento borbulhante da política brasileira.
O MDB, que depois se transformou no Partido Democrático Brasileiro, e que recentemente voltou a se chamar MDB, sempre ocupou o patamar de maior partido brasileiro, com forte representação em todos os estados.
Conhecido por ter muitos líderes prefeitos em grandes e pequenas cidades Brasil afora, o MDB sempre esteve envolvido nas principais negociações na esfera política. Todas sempre passaram por seu crivo e de seus caciques.
José Sarney, o vice de Tancredo, que assumiu a presidência em seu lugar, sempre esteve diante das grandes negociações de coligações e acordos políticos. Isso também mesmo após seu período como presidente e posteriormente como líder no senado.
Com investigações de corrupção até dizer chega, José Sarney, Renan Calheiros, Jader Barbalho, Romero Jucá e tantos outros caciques, ficaram bem conhecidos e expostos pela opinião pública por envolvimento em questões ligadas à ética e esquemas de corrupção nas gestões do PT e outros partidos.
Todavia, não é de hoje que operadores do PMDB foram responsáveis por muitos dos trabalhos sujos nas coligações. Entenda trabalho sujo como negociata, comissões, caixa 2 etc. Seja em gestões do PSDB, PT, entre tantas outras siglas, o PMDB sempre foi governo, sempre foi situação.
Temos agora um ex-vice-presidente (do País e deste partido) preso por corrupção e acusação de operar esquemas nos bastidores.
Michel Temer, vice de Dilma, foi presidente da Câmara dos Deputados durante anos, teve fortes ligações com Eduardo Cunha (preso desde 2016), que também foi uma das figuras mais contraditórias e questionáveis no ponto de vista moral entre bastidores do poder.
O país vive uma situação pouco orgulhosa pelo fato de tantos figurões da política estarem atrás das grades. Ex-presidentes, ex-governadores, ex-ministros, a lista é grande.
Lula, Michel Temer, Eduardo Cunha, Sergio Cabral, José Dirceu, Paulo Maluf (hoje solto), Beto Richa e uma infinidade de nomes que não acaba mais.
Porém, de outro lado, dá uma satisfação danada ver que temos um poder de inteligência, investigação e justiça mais férteis que no passado, onde pouco ou quase nunca víamos cenas como essas que hoje se tornaram rotina.
Para o bem da nação, que a limpeza da lava-jato continue e que venham os próximos.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Perdemos!
Confira abaixo o editorial “Perdemos!”
Em um curto espaço de tempo vivenciamos as tragédias mais dolorosas possíveis e inimagináveis.
Ao decorrer dos dias de 2019, que se iniciaram há pouco, vimos sonhos de garotos em se tornar atletas reconhecidos serem levados ao vento após o incêndio nas dependências do Clube de Regatas Flamengo.
Também temos assistido, de maneira consternadora, os sonhos de uma vida inteira de mineiros, como a aquisição de uma casa própria ou mesmo a constituição de uma família, indo literalmente pela lama com o crime ambiental cometido pela Vale.
Pessoas e animais indefesos. Todas vítimas da desenfreada falta de responsabilidade na gestão de uma mineradora, primeiro em Mariana e depois Brumadinho.
Não diferente e de acordo com tudo que tem se apresentado, as fortes chuvas têm castigado Rio de Janeiro e São Paulo. Uma prova viva que por mais que nos esforcemos para jogar lixo no lixo e preservar os recursos naturais – que na maioria das vezes não acontece –, nada pode ser mais forte que as decisões da natureza, principalmente quando ela resolve nos devolver todos os maus tratos que propiciamos a mesma.
Triste ver rios trasbordando – como o Aricanduva e Tietê. Triste ver pessoas perdendo seus bens, seus valores, suas vidas e seu amores.
Ainda no campo da indignação, um vídeo mostrando cenas de agressão por parte de um homem com uma mulher em seu primeiro encontro, com explícita selvageria, também ganhou espaço considerável nas mídias.
Como estamos doentes!
No comportamento com o próximo, no cumprimento das leis, na ética profissional, no respeito à vida e ao próximo, enfim.
Acredito, de fato, que o que ainda indigna a nós, cidadãos, é o fato não perceber uma vontade sincera das autoridades em nos dar respostas.
Ecoar e dar a devida visibilidade ao grito de uma mulher que pede justiça – porque perdeu seu marido ou filhos – deveria ser obrigação nossa, obrigação dos meios de comunicação e obrigação moral da classe política.
Ainda na questão de se dar amplitude aos fatos, houve a perda – dolorosa e irreparável – de um dos poucos, senão o único, jornalista que era capaz de nos envolver com sua articulação eloquente em transmitir notícias com críticas isentas e organizadas.
Como faz falta um profissional como Ricardo Boechat nas manhãs brasileiras de rádio.
Só perdemos!
Pouco nos indignamos com fatos que não deveríamos aceitar nem nos mais divagantes pesadelos.
Que Deus possa olhar por nós e que tudo isso nos sirva, minimamente, de evolução para o desenvolvimento de um país mais organizado e respeitoso.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Fábio Assunção: precisamos falar sobre
Confira abaixo o editorial do mês
Fábio Assunção sempre esteve envolvido com polêmicas nos últimos anos devido seu problema com dependência química. Por conta disso, o ator caiu no gosto popular com “memes” e piadas sempre que uma sexta-feira está próxima. As piadas são de tom para fazer alusão ao excesso de bebida e falta de regras ao final de semana.
Gabriel Bartz lançou uma música que fala sobre esta situação. “Hoje vou ficar doidão, vou virar o Fabio Assunção”, além de outras passagens da canção. Após a repercussão que tomou, o ator publicou um vídeo em que fala sobre o fato de ter uma música sobre sua dependência química. Nele, Fábio esclarece que 15% da população mundial sofre com drogas e tudo que este tipo de vida desencadeia.
Ao mesmo tempo, o ator disse que em nenhum momento pediu para sua assessoria entrar em contato com o cantor no intuito de cercear a liberdade de expressão. Segundo ele, reconhece o quanto o artista no Brasil sofre com falta de incentivo e dificuldade de ocupação de seu espaço.
Por fim, após um esclarecimento pontual sobre todo o processo, Fábio Assunção deixou claro que a ideia é reverter 100% dos diretos autorais para instituições que ajudem a cuidar de dependentes químicos.
Mais uma análise
O brasileiro sempre brincou com tudo e parece que Fábio entendeu isso mais que muita gente por aí. O bom humor, as brincadeiras e até mesmo a “zoeira” como ele mesmo diz, é algo genuíno no brasileiro, mas, de maneira muito inteligente e sensível, não quer deixar de aproveitar o debate para dar mais amplitude para algo que está presente nas mais diversas famílias, ricas ou pobres, seja qual for a cidade, seja qual for o país.
Talvez seja a primeira vez que alguém consegue, através do humor e da dor, juntar ambos para ganhar projeção e conscientizar a sociedade sobre este importante debate. Ao final, disse para as pessoas cuidarem de si, dos amigos na noite, reconhecendo também que eles [no caso ele mesmo e sua assessoria) não são super-heróis por conta da atitude.
A partir de hoje, toda vez que alguém sugerir ligar o “modo Fábio Assunção” será, sem dúvidas diferente. Mesmo sabendo da dor, mesmo sabendo do humor, há algo por trás que podemos e devemos refletir toda vez que o assunto vier à tona.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Ex-vices ganham holofotes
Confira abaixo o editorial do mês
Os vices executivos mais importantes de São Paulo assumiram postos de grande importância.
O vice-governador de São Paulo, Márcio França, que pertence ao PSB, assumiu o lugar de Geraldo Alckimin, PSDB, que renuncia ao cargo para disputar à presidência da república.
Da mesma maneira, Bruno Covas, do PSDB, assumiu a prefeitura de São Paulo no lugar de João Doria, do mesmo partido, que tentará o cargo de governador, no lugar de Geraldo Alckmin.
João Doria, que ficou à frente do cargo de prefeito apenas 15 meses, afirmou durante pouco mais de seu ínfimo 1/4 do mandato cumprido, que de maneira alguma largaria a prefeitura de São Paulo. Na campanha, em entrevistas coletivas da grande imprensa, o político, que não se dizia político, afirmara que seria prefeito até o final do mandato. “Vou prefeitar, fui eleito para isso”, dizia João.
Já Alckmin, que está no seu segundo mandato como governador, foi reeleito em primeiro turno, ao menos cumpriu quase todo o pleito. Com um cenário indefinido de centro e direita, é difícil dizer se há chances de se tornar presidente, uma vez que o tempo de horário eleitoral deve ser compacto pela grande quantidade de pré-candidaturas de alguns partidos que, normalmente, apoiavam o PSDB.
Márcio França, além de vice-governador, foi homem de confiança de Geraldo Alckmin. A situação lembra muito a relação que Alckmin tinha com Mario Covas. Márcio França tem bom diálogo com membros do PSDB e partidos de centro esquerda como o próprio PSB, PC do B e PV. Por estar com a caneta em mãos e manter boa parte da base de partidos que Alckmin deixou, França deve desfrutar de bom tempo de horário eleitoral para construir sua imagem.
Mais análises
João Doria, mesmo com os ruídos graves que deixou ao sair da prefeitura de SP, talvez tenha bom apoio como candidato nas cidades do interior. Isso muito se deve pela liderança que exerce no plano empresarial e pela maneira com a qual se comunica, o que é inegável.
Bruno Covas, com 38 anos, não precisará de eleição e assumirá uma prefeitura com mais de 2 anos e meio de gestão pela frente. O desafio será entregar as promessas não cumpridas por seu antecessor, como organizar os serviços de zeladoria, investir em mobilidade, gerar emprego, enxugar a máquina pública, entre tantos outros desafios.
Já Franca, além de sua candidatura, também precisa dar conta das muitas inaugurações de estações de metrô, hospitais, entre outros. “Coincidentemente”, as obras estão ficando prontas no período de pré-candidatura, o que obrigará o agora atual governador a participar de eventos e ganhar visibilidade.
Na prefeitura, nenhuma disputa. No governo, a máquina em favor do PSB de França enfrentará a máquina privada e do marketing de João Doria.
Independente do desfecho, nunca os vices mais importantes do estado, em tão pouco tempo, ganharam esse protagonismo singular. E a corrida ainda nem começou!
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
A polarização das eleições presidenciais
Últimos dois pleitos das eleições para presidente foram marcados pela polarização de candidatos com pensamentos divergentes e extremos.
Em 2014 Aécio Neves pelo PSDB e Dilma Roussef pelo PT protagonizaram um grande embate. Na onda do “nós” contra “eles” a eleição refletiu explicitamente as divergências entre os partidos, com suas ideias e opiniões sobre como seria reger o futuro do Brasil. Era o partido da situação, o PT, sendo provocado pelo partido que governou o país anteriormente, o PSDB.
Ambos promoveram mudanças, mas nenhuma profunda e significativa como reforma da previdência, trabalhista, educacional, tributária, política e tantas outras. Todos os governos empurraram para debaixo do tapete as promessas que fizeram. Mas esse é um cenário recorrente na maioria dos governos brasileiros.
Foram 32 anos de PSDB e PT em que nenhum dos assuntos acima foram encarados como prioridade de fato, ficaram apenas nas lembranças de suas candidaturas. De certa forma, houve um não conformismo com os resultados por conta dos que votaram em Aécio. Podemos até relacionar o cenário do passado, com as atitudes de agora, quatro após depois com a eleição presidencial de 2018, cujo vencedor foi Jair Bolsonaro.
Sobre o apoio e candidatura de Aécio Neves, ficou evidente que muitos nem faziam ideia do envolvimento dele em escândalos e áudios estarrecedores, que vieram à tona meses depois.
A vencedora foi a Dilma Roussef, porém a mesma não chegou a terminar seu governo. Para muitos foi um escândalo e um evidente golpe. Mas o conceito correto seria traição. Traição de um sistema político falido – a chapa seguiu até o final com Michel Temer, vice eleito junto com ela.
E enfim, passados os temerosos 4 anos, com 2 anos de um [vice] presidente tampão, sem credibilidade e com ministros envolvidos até o pescoço com a corrupção, as eleições 2018 chegaram e com ela um cenário ainda mais polarizado. Jair Bolsonaro e Fernando Haddad representavam uma distância de programas e pensamentos ainda mais antagônicos.
De um lado uma filosofia de direita apoiada por uma campanha de internet forte, mas que até então era desacreditada, já iniciada em 2015. E de outro um candidato a vice, de esquerda, que se transformou no candidato oficial após a deliberação da justiça de não permitir que o “candidato oficial” fosse oficializado.
Confuso né?
Mas o processo democrático é assim. Se a lei permite, faz parte do jogo. É claro que não é saudável para democracia tantos partidos fazerem parte de um sistema permissivo com a corrupção como o nosso. São mais de 30 siglas.
São opções de direita, esquerda, extrema de esquerda, extremas de direita, centro, centro-esquerda, centro-direta, além de pegadas sociais, ambientais, trabalhistas, cristãos e por aí vai.
Um candidato ganhou sua primeira disputa para presidente com baixos recursos, uso da intenso da internet, sem coligações e com discursos polêmicos. Devemos sim nos preocupar, fiscalizar e acompanhar tudo que deve se desenrolar daqui por diante.
Conviver em uma sociedade com este sistema político é assim: respeitar a vontade das urnas.É preciso desejar sorte para o novo governo. O Brasil precisa.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Conteúdo Polarização: Antonio Gelfusa. Foto: Divulgação.
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