Você é centrada(o)?
Quando um ser humano é equilibrado e sensato costumamos dar a ele o adjetivo de centrada(o).
Aquele que está ao centro é aquele que se mantém em poder de observar o horizonte por várias perspectivas, esquerda, direita, frente, trás, por cima e abaixo.
Alguns dizem que pessoas centradas estão em cima do muro e por isso não tomam posição.
No jargão político, o centro, ficou conhecido como pessoas e partidos que fecham acordos com todo governo.
Seus interesses são sempre em ser a situação de uma gestão, nunca de oposição, logo, manter as mamatas – adjetivo simplificado daqueles que “mamam nas tetas” do erário – é sempre uma prioridade.
Ser de esquerda, de direita e de centro, num país ainda adolescente em amadurecimento político, é visto como problema, como rótulo, como acusação moral de escolhas entre certo e errado.
Ser republicano, democrata, de direita, e esquerda, centro, trabalhista, socialista, progressista, liberal, evangélico, espírita, católico não é certificado para ninguém estar acima da lei e da razão.
Tão criticado quando negociou com PMDB, Lula perdeu sua credibilidade para obter maioria no Congresso.
Permitiu o maior esquema de corrupção da história. Apertou a mão de Maluf (PP), de Sarney (PMDB) e de Fernando Collor (PTC) – símbolos da corrupção.
E se tornou um.
Bolsonaro se elegeu prometendo não negociar com o centro, não lotear cargos e dar aos ministros liberdade para suas ações.
Em um ano e meio de governo já interferiu no ministério da saúde – a mais sórdida e desumana das intervenções, defendendo algo não comprovado pela ciência em lugar algum do mundo.
Já interferiu nas investigações da Polícia Federal por interesses próprios e escusos em relação à sua família. Vale ressaltar que isso culminou com a saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça.
E agora negocia com o velho “centrão”, para obter maioria da Câmara. Assim não corre riscos de um impeachment e de perder ainda mais sua governabilidade.
Também já loteou cargos, além de movimentar os bastidores com políticos e assessores das figuras já conhecidas como Valdemar Costa Neto (PL), Roberto Jefferson (PTB) e Gilberto Kassab (PSD), todos eles investigados nos mais diversos fronts da corrupção brasileira.
Em reunião recente, com vídeos divulgados, o atual presidente mostra exatamente aquilo que sua atual imagem pública tem apresentado: falta de preparo, autoritarismo e desrespeito às instituições públicas e aos cidadãos, que enfrentando o pior caos de saúde e economia de sua história, pouco foram lembrados em uma reunião ministerial.
Liderança, nos tempos atuais, no ambiente público e privado, não se conquista com xingamentos, com autoritarismo, com assédio moral.
Não é só errado e grosseiro. É cafona.
Esse estilo de gestão não é mais aceito em líderes há anos.
Liderança se apresenta com ações centradas, bom senso, eloquência, energia de gestão e autoridade.
Qualidades que passam longe das características deste presidente eleito pela maioria dos brasileiros.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Presidente de 5ª!
Confira abaixo o editorial “Presidente de 5ª!”
Nos espaços de editoriais aqui da empresa tenho me arriscado, ao longo dos últimos anos, a escrever um pouco sobre política e minha visão de mundo.
As críticas da área jornalística aos nossos chefes de governo nunca foram privilégios de políticos de partidos específicos.
A conduta de profissionais do ramo político como: Lula, Geraldo Alckmin, Dilma Rousseff, Michel Temer, Paulo Maluf, Antonio Palocci, José Dirceu, Aécio Neves, Marina Silva, Severino Cavalcanti entre tantos, sempre foi alvo não só deste singelo espaço, mas dos editoriais mais amplos e renomados de nosso segmento, nacional e internacional.
Como eleitor, me sinto também tranquilo para opinar em relação ao atual presidente – eu não votei nele.
E quanto ao seu opositor nas eleições de 2019, da mesma forma: não votei em Fernando Haddad.
Sendo assim, não pretendo ficar em cima do muro.
Anulei sim meu voto, porque ambos significariam um grande retrocesso! Esta afirmação já é suficiente para uma conversa profunda de direita e esquerda para mais de 12 horas!
Bolsonaro na época da eleição já se mostrava uma figura atrapalhada, despreparada e preconceituosa.
De uma maneira geral, não é a primeira vez que a incompetência gere nosso país.
Para falar a verdade estamos até bem acostumados, infelizmente.
Quanto ao Fernando Haddad, mesmo se tratando de um professor, foi impossível votar em alguém que significaria a sequência de um sistema que aparelhou a máquina pública corrompendo inclusive alianças tradicionais da corrupção tupiniquim, o tal PMDB “fecha com tudo e todos”.
Mas quero falar de Bolsonaro.
Já falei muito de Lula, Dilma, Temer e toda incompetência que já passou por aqui.
Se estes que passaram deixaram um terreno econômico ruim ou não, já foi, é passado.
Temos 8 meses de um governo que tem tomado atitudes de corte de gastos que foram avanços para a máquina pública, sim. De toda forma, tem sido desastroso nas relações humanas, internacionais e políticas.
Veja o caso da Amazônia.
Temos um presidente que não quer enxergar que o negócio, além de sério, mostra uma enorme fragilidade do país em cuidar do próprio nariz.
Os dados do INPE e tantos outros institutos mostravam problemas graves, mas ele preferiu dizer que era tudo mentira. Na verdade, ela já arde faz tempo.
De um lado temos a crise econômica para tentar uma reversão de cenário e de outro uma crise de governo por não dar a devida importância para o desmatamento criminoso que já acontece há anos.
Juntando os dois temas: como um líder de país deseja garantir estabilidade econômica respondendo e agindo como se fosse uma criança de 5ª série?
Me desculpem as crianças de 5ª série.
Mas enfim, sendo grosso, permissivo com um dos filhos se dirigindo com desrespeito a um presidente de outro país, enfim.
O nível de respostas de um presidente deve ser muito mais que intelectual, mas com educação, sem grosseria.
O comportamento é de um imaturidade tremenda e está provado que não sabe lidar com a imprensa e seus críticos.
Ganhou uma eleição sem meu voto, mas é meu presidente sim porque estou em um país democrático.
É óbvio que não torço contra, mas esse comportamento não vai levar o país à construção alguma.
E para fechar, se manter este tom arrogante como tem sido, vai acabar como os outros políticos: tendo ojeriza não de parte da população, mas sim de grande parte.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Sua indignação é seletiva?
Confira abaixo o editorial “Sua indignação é seletiva?”
Acredito que seja de comum acordo entre professores, profissionais da área de educação, mães, pais, gestores de empresas, religiosos, ateus, palmeirenses, corinthianos, enfim, que educação deveria ser encarada como prioridade.
A Coreia do Sul, após intenso período de guerra, era um dos países mais pobres do mundo na década de 60, e resolveu, a partir de então, tratar como prioridade a educação básica.
Eles valorizaram professores, o ensino e o sistema como todo investindo grande parte do PIB no setor.
Hoje o país é um dos líderes em tecnologia e economia, patentes de registro e produção de conhecimento.
Recentemente o presidente Jair Bolsonaro anunciou cortes na pasta de educação.
Ou melhor, vamos falar de “contingenciamento”, como ele declarou posteriormente.
É óbvio que não se pode concordar com isso!
Não votei nele, muito menos aprovo seu estilo estúpido, mas tento exercitar essa empatia de me colocar no lugar do mesmo.
Até porque acredito que administrar contas públicas ou privadas é preciso lidar com cálculos dos mais diversos.
Longe de ser unanimidade, o atual presidente goza ainda de apoio da maioria da população que o elegeu e isso é democrático.
E por mais desastrosas que possam parecer algumas atitudes, ele está fazendo aquilo que prometeu ao seu eleitor: cortar despesas, pautar o armamento, entre outras ações.
Os presidentes que passaram por estes país reduzem a verba das universidades públicas como se as mesmas não estivessem já passando por dificuldades. Algumas até estão sucateadas.
Quanto as questões ideológicas, das faculdades surgiram movimentos políticos importantes para a história do país, que precisam ser valorizados. E também é preciso uma auto-crítica das instituições que, em alguns casos, de espaço de discussão política se transformaram em filial de partidos políticos.
Voltando aos cortes na educação, uma pergunta: porque os cortes neste setor incomodaram tanto parte considerável da esquerda de hoje, mas, entretanto, não incomodou o mesmo grupo de esquerda quando o governo Lula promoveu o mesmo?
Outro exemplo: porque as contratações caríssimas de artistas da virada cultural promovidas pelo então prefeito Fernando Haddad em São Paulo incomodaram tanto a direita na época, mas agora, na virada cultural de 2019, que foi promovida pelo prefeito Bruno Covas, não causou a mesma estranheza?
Toco nesses assuntos para falarmos de algo muito importante.
A indignação neste país, quando se fala de política, é seletiva.
Corte na educação é um grande crime para a oposição. Mas para os governantes da situação é “ajuste fiscal”.
Virada cultural é falta de prioridade para qualquer oposição. Para o governo que promove é “promoção de cultura”.
Os nomes ficam bonitos quando eles defendem né?
Lembro quando Geraldo Alckmin se referiu a crise da água em São Paulo como “restrição hídrica”.
Termo e vocábulo maravilhoso, mas não para as pessoas estavam mais de uma semana sem água em casa em diversas regiões da grande São Paulo.
Esse filme vergonhoso já vimos em administrações de esquerda, direita e centro.
Sejam elas gestões de prefeitura, governos estaduais ou governo federal.
Enquanto a indignação dos brasileiros for seletiva e feita de palanque para ideologias de partidos e oportunistas, teremos sempre a certeza que somos apenas clubistas e fanáticos.
Nada politizados.
Infelizmente não temos políticos que pensam no país como se deveria e a educação, mais uma vez, passa longe de ser tratada com o devido respeito.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.