Mercado de apostas online: propaganda, redes sociais e contravenção
No Brasil alguns fatos são muito curiosos: pela constituição, é vedada a comercialização de qualquer produto que seja nocivo à saúde.
O cigarro, por exemplo, com comprovados danos químicos ao cidadão, não foi proibido em sua comercialização, mas a publicidade sim. Propaganda em TVs, padarias, revistas, rádios, entre outras mídias, deixaram de faturar com as empresas de tabaco.
Assim como o cigarro, a ingestão de bebida alcoólica também faz mal à saúde. E o pior, mortes no trânsito e feminicídios acontecem de forma multiplicada por conta do uso excessivo do álcool. Ao contrário do cigarro, sua propaganda não foi proibida, apenas é acompanhada da mensagem: “proibida a venda para menores de 18 anos”.
Eis que chegam a era das Bets.
No Brasil, os jogos de azar, o jogo do bicho, bingos, caça níqueis e agora as Bets, nunca foram estruturadas da forma legal.
Porém, nos últimos dias, o governo federal emitiu uma lista onde não reconhece algumas marcas grandes de casas de apostas, como a Esportes da Sorte e BetVip, por exemplo.
O curioso, assim como o cigarro e as bebidas alcoólicas que marcaram época, dessa vez, são as Bets que estão estampando campanhas com influencers nas redes sociais e na grande mídia, além de patrocinarem a maioria dos times de futebol do país.
O brasileiro gasta cerca de R$ 23,9 bilhões com jogos e apostas online no país, segundo estudo macroeconômico realizado pelo Banco Itaú.
Até casos de uso do cartão do bolsa família para apagar apostas tem sido relatado, o que mostra um cenário delicado de claro incentivo às apostas e até vício e descontrole por parte dos cidadãos.
Também nas últimas semanas, operações deflagradas pela polícia federal têm colocado holofotes sobre empresários envolvidos com contravenção. De jogo do “Tigrinho” propagado por influencers à lavagem de dinheiro, figuras conhecidas como a advogada Deloane Bezerra e o cantor Gusttavo Lima também foram alvos das investigações.
Em um país com baixa escolarização como o nosso, sem dúvidas a propaganda – por mais artística, poética e disruptiva que seja – acaba sendo um movimento forte de incentivo, seja na ingestão de bebida alcoólica, uso de tabaco ou mesmo nas apostas.
Isso não significa que o cidadão não possa fazer suas escolhas e investir seu tempo, dinheiro em saúde no que bem entender.
Todavia, em termos de preocupação com a sociedade como um todo, no Brasil, faltam leis claras e regulações adequadas que coloquem limitação nas propagandas de determinados segmentos, e claro, que também seja rígida no controle de impostos, na análise da origem do dinheiro das mesmas e a clara regulação do mercado para que a diversão não acabe na ruína e tragédia para as famílias brasileiras.
*Antonio Gelfusa Junior é publicitário e especialista em redes sociais.
Jovens prodígios
Flávio Bolsonaro e sua esposa compraram uma mansão de 5,9 milhões de reais.
Ela tem 1.000 metros quadrados e uma piscina bacanuda.
50% foi financiado pelo Banco de Brasília para pagar em 30 anos.
Informação confirmada pela CNN e revelada pelo site o Antagonista (aquela mídia que Jair Bolsonaro adorava compartilhar informações, mas que agora odeia).
Flávio é investigado no escândalo das rachadinhas – que é caracterizado pela devolução de parte dos vencimentos de servidores –, prática essa infelizmente comum nos gabinetes de parlamentares Brasil afora.
Fico pensando aqui que com salário de R$ 25 mil reais, como senador – e mesmo tendo uma franquia de negócios (desde 2015) – se os padrões se justificam.
Não, né?
R$ 25.000,00 X 12 meses = R$ 300.000,00.
Com 3 anos de mandato como senador teria juntado R$ 900.000,00 caso não tivesse mexido em nenhum recurso desde então.
Até mesmo somados a outros anos como deputado e o apoio da esposa na compra, essa conta não fecha.
Sem falar que trata-se de um parlamentar com sérios problemas na justiça há algum tempo.
Com tantas investigações e escândalos, ainda temos – completados recentemente – um ano ativo de pandemia.
Acredito que qualquer elevação patrimonial nestes moldes, num momento como esse, é minimamente imoral para qualquer político.
Não dá para tapar o sol com a peneira porque já vimos esse filme.
Você aí do outro lado – que já defendeu sítio em Atibaia, Triplex no Guarujá e palestras de R$ 400 mil – hoje está consternado, confere?
Vi gente que aqui também já repudiou esse padrão de vida megalomaníaco dos políticos e de seus filhos nos tempos pretéritos, mas hoje defende o “direito ao progresso” do primogênito do ‘mito”.
“Lula sabia de tudo e Bolsonaro não sabia de nada”.
“Lula não sabia de nada e Bolsonaro sabia de tudo”.
Seja lá o lado que você está, só sei que os pais destes filhos devem estar muito orgulhosos da evolução patrimonial dos mesmos.
Jovens prodígios que fala, né?
Um brinde com champanhe na piscina e sem aglomerações (apenas para os mais pobres).
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Covas ou Boulos?
Confira abaixo o editorial deste mês
Covas ou Boulos? — O segundo turno em São Paulo será mais curto.
No próximo domingo os paulistanos vão decidir o futuro da administração pública municipal nos próximos 4 anos.
De um lado, Bruno Covas, PSDB, que tenta reeleição.
Do outro, Guilherme Boulos, PSOL, chegando em um segundo turno de eleição pela primeira vez na história.
Bruno Covas carrega o histórico do PSDB de abandono das prefeituras em São Paulo. Foi assim com José Serra e João Dória, ambos do mesmo partido. Deixaram a prefeitura para concorrer ao Governo do Estado de SP, mesmo ambos dando a palavra que não o fariam.
Bruno é neto do ex-prefeito e governador de SP, Mário Covas. Está na vida pública há anos como vereador, deputado e vice-prefeito, assumindo recentemente na saída de Doria. Covas tem o apoio do centro e centro-direita.
Bruno Covas luta contra um câncer e tem procurado mostrar através de suas propagandas que está bem para seguir em frente. No período de seu tratamento a cidade foi comandada pelo presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Eduardo Tuma. Recentemente, por conta da pandemia, atuou no problema de maneira singular e tem usado essa postura de enfrentamento em sua campanha.
O candidato à vice-prefeito na chapa de Covas é Ricardo Nunes, ex-vereador. Carrega liderança na igreja católica e movimento de empresários na Zona Sul da cidade. A insegurança de uma investigação por violência doméstica e desvio de verbas das creches em SP tem pautado os últimos debates e informações sobre seu nome.
Guilherme Boulos tem 20 anos de participação de movimentos populares por moradias. Carrega em seu histórico o apoio à política de esquerda. Esteve junto à Lula por diversas vezes.
Boulos foi candidato à presidente pelo PSOL em 2018 e cresceu como alternativa para à esquerda e centro-esquerda na cidade, uma vez que o terreno ocupado pelo PT e outras frentes similares foram sendo esvaziadas de 2016 para cá.
Professor e filósofo, Boulos mora na periferia e deseja dar voz aos extremos e camadas mais pobres da maior cidade do Brasil. Em sua campanha, tem lutado para desmistificar as ocupações promovidas ao longo de sua trajetória, justificando-as por serem realizadas em terrenos e propriedades inativas e com dívidas ao governo.
A candidata à vice-prefeita na chapa de Guilherme é Luiza Erundina. Primeira prefeita eleita de SP, Erundina carrega histórico parlamentar como deputada e atuação positiva aos professores e movimentos de mutirões e moradias populares.
Ao que tudo indica, os votos de Márcio França devem ser diluídos aos dois, meio a meio. Jilmar Tatto deve transferir os votos ao Boulos, pela identidade política dos partidos. Já os eleitores de Arthur do Val devem depositar a confiança em Covas.
Resta saber como se comportarão os votos de Russomanno.
Se Covas se aproximar da periferia, talvez amplie a vantagem sobre Boulos.
Se Boulos, agora com mais espaço na mídia, explorar os ruídos sobre o vice de Covas e conseguir ganhar a confiança dos eleitores dos extremos da cidade, talvez surpreenda.
Em duas semanas saberemos se os paulistanos vão optar por manter tudo do jeito que está ou apostar em uma nova corrente política na cidade.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Você é centrada(o)?
Quando um ser humano é equilibrado e sensato costumamos dar a ele o adjetivo de centrada(o).
Aquele que está ao centro é aquele que se mantém em poder de observar o horizonte por várias perspectivas, esquerda, direita, frente, trás, por cima e abaixo.
Alguns dizem que pessoas centradas estão em cima do muro e por isso não tomam posição.
No jargão político, o centro, ficou conhecido como pessoas e partidos que fecham acordos com todo governo.
Seus interesses são sempre em ser a situação de uma gestão, nunca de oposição, logo, manter as mamatas – adjetivo simplificado daqueles que “mamam nas tetas” do erário – é sempre uma prioridade.
Ser de esquerda, de direita e de centro, num país ainda adolescente em amadurecimento político, é visto como problema, como rótulo, como acusação moral de escolhas entre certo e errado.
Ser republicano, democrata, de direita, e esquerda, centro, trabalhista, socialista, progressista, liberal, evangélico, espírita, católico não é certificado para ninguém estar acima da lei e da razão.
Tão criticado quando negociou com PMDB, Lula perdeu sua credibilidade para obter maioria no Congresso.
Permitiu o maior esquema de corrupção da história. Apertou a mão de Maluf (PP), de Sarney (PMDB) e de Fernando Collor (PTC) – símbolos da corrupção.
E se tornou um.
Bolsonaro se elegeu prometendo não negociar com o centro, não lotear cargos e dar aos ministros liberdade para suas ações.
Em um ano e meio de governo já interferiu no ministério da saúde – a mais sórdida e desumana das intervenções, defendendo algo não comprovado pela ciência em lugar algum do mundo.
Já interferiu nas investigações da Polícia Federal por interesses próprios e escusos em relação à sua família. Vale ressaltar que isso culminou com a saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça.
E agora negocia com o velho “centrão”, para obter maioria da Câmara. Assim não corre riscos de um impeachment e de perder ainda mais sua governabilidade.
Também já loteou cargos, além de movimentar os bastidores com políticos e assessores das figuras já conhecidas como Valdemar Costa Neto (PL), Roberto Jefferson (PTB) e Gilberto Kassab (PSD), todos eles investigados nos mais diversos fronts da corrupção brasileira.
Em reunião recente, com vídeos divulgados, o atual presidente mostra exatamente aquilo que sua atual imagem pública tem apresentado: falta de preparo, autoritarismo e desrespeito às instituições públicas e aos cidadãos, que enfrentando o pior caos de saúde e economia de sua história, pouco foram lembrados em uma reunião ministerial.
Liderança, nos tempos atuais, no ambiente público e privado, não se conquista com xingamentos, com autoritarismo, com assédio moral.
Não é só errado e grosseiro. É cafona.
Esse estilo de gestão não é mais aceito em líderes há anos.
Liderança se apresenta com ações centradas, bom senso, eloquência, energia de gestão e autoridade.
Qualidades que passam longe das características deste presidente eleito pela maioria dos brasileiros.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Nossa 3ª Guerra
Em meados de 1945, depois de 4 anos na Índia e 2 anos na Inglaterra como prisioneiro de guerra, meu avô paterno voltou para sua casa, na região de Lazio, Itália.
Irreconhecível, sujo, muitos quilos a menos, surpreendeu minha avó, que pensava que se tratava de algum morador de rua.
Na 2ª Guerra Mundial, homens e mulheres (na maioria homens), precisavam se alistar, combater e participar, sem concordar ou aderir.
Tinha que ir e pronto!
Nos campos de concentração, meu avô e outros prisioneiros viviam em condições precárias.
Insetos e outros pequenos animais eram complemento ou o cardápio de suas refeições.
Ouvi por muito tempo meus familiares contarem isso.
Eu não o conheci pessoalmente, morreu antes de meus pais se casarem.
Retorno hoje para 2020, período em que vivemos uma guerra sem armas, que nos exige um alistamento e comportamento diferente daquilo que rolava no passado.
Não é possível viver de novo o que aconteceu em nossa história, mas podemos refletir.
Não há arma ainda capaz de combater o vírus e por fim nesta quarentena.
A solução criada para evitar sua proliferação é o isolamento social.
Essa nossa 3ª Guerra atinge todas as pessoas, não nações específicas, nem classes sociais.
Não há arma, investimento militar ou dinheiro possível que possa deter o avanço.
Hoje, o inimigo é pequeno, invisível, microscópico.
No passado, quantas pessoas se apresentavam para o combate no “front” e não voltavam mais para seus lares?
Na guerra atual temos uma chance de evitar mais mortes: fazer nossa parte, ficar em casa e enfrentar, com isolamento, a propagação da covid-19.
O enfrentamento do momento é conhecer nossa mente, nossos pensamentos, nossos limites, nossos vilões emocionais, nossas relações com as pessoas e com o mundo.
Ficar em casa também é uma oportunidade única de conhecer melhor seus pares e a si mesmo.
Aproveite este tempo também para arrumar suas coisas (emocionais e físicas), conserte, trabalhe, discuta, desculpe, perdoe, chore, ligue, abrace virtualmente, mas acima de tudo, ame!
Crianças não verem seus avós, e adultos não verem seus pais e amigos, trata-se de um ato de amor.
Por amor as pessoas não precisam deixar suas casas (como se fazia nas guerras do passado), e sim, ficar nelas.
Se no passado, para preservar os avós, crianças e mulheres, os alistados e alistadas tinham que odiar e matar (ou morrer por) um semelhante de uma outra nação, hoje, para resguardar nossos pais e idosos, precisamos, “simplesmente”, nos isolar.
Tempos difíceis virão, mas nem se comparam a dor das complexas travessias emocionais que as guerras do passado promoveram.
Ter paciência e combater a ansiedade são, por enquanto, munições básicas para o momento.
Vamos em frente, até porque tempos difíceis fazem mulheres e homens fortes.
E mulheres e homens fortes farão tempos mais fáceis.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Presidente de 5ª!
Confira abaixo o editorial “Presidente de 5ª!”
Nos espaços de editoriais aqui da empresa tenho me arriscado, ao longo dos últimos anos, a escrever um pouco sobre política e minha visão de mundo.
As críticas da área jornalística aos nossos chefes de governo nunca foram privilégios de políticos de partidos específicos.
A conduta de profissionais do ramo político como: Lula, Geraldo Alckmin, Dilma Rousseff, Michel Temer, Paulo Maluf, Antonio Palocci, José Dirceu, Aécio Neves, Marina Silva, Severino Cavalcanti entre tantos, sempre foi alvo não só deste singelo espaço, mas dos editoriais mais amplos e renomados de nosso segmento, nacional e internacional.
Como eleitor, me sinto também tranquilo para opinar em relação ao atual presidente – eu não votei nele.
E quanto ao seu opositor nas eleições de 2019, da mesma forma: não votei em Fernando Haddad.
Sendo assim, não pretendo ficar em cima do muro.
Anulei sim meu voto, porque ambos significariam um grande retrocesso! Esta afirmação já é suficiente para uma conversa profunda de direita e esquerda para mais de 12 horas!
Bolsonaro na época da eleição já se mostrava uma figura atrapalhada, despreparada e preconceituosa.
De uma maneira geral, não é a primeira vez que a incompetência gere nosso país.
Para falar a verdade estamos até bem acostumados, infelizmente.
Quanto ao Fernando Haddad, mesmo se tratando de um professor, foi impossível votar em alguém que significaria a sequência de um sistema que aparelhou a máquina pública corrompendo inclusive alianças tradicionais da corrupção tupiniquim, o tal PMDB “fecha com tudo e todos”.
Mas quero falar de Bolsonaro.
Já falei muito de Lula, Dilma, Temer e toda incompetência que já passou por aqui.
Se estes que passaram deixaram um terreno econômico ruim ou não, já foi, é passado.
Temos 8 meses de um governo que tem tomado atitudes de corte de gastos que foram avanços para a máquina pública, sim. De toda forma, tem sido desastroso nas relações humanas, internacionais e políticas.
Veja o caso da Amazônia.
Temos um presidente que não quer enxergar que o negócio, além de sério, mostra uma enorme fragilidade do país em cuidar do próprio nariz.
Os dados do INPE e tantos outros institutos mostravam problemas graves, mas ele preferiu dizer que era tudo mentira. Na verdade, ela já arde faz tempo.
De um lado temos a crise econômica para tentar uma reversão de cenário e de outro uma crise de governo por não dar a devida importância para o desmatamento criminoso que já acontece há anos.
Juntando os dois temas: como um líder de país deseja garantir estabilidade econômica respondendo e agindo como se fosse uma criança de 5ª série?
Me desculpem as crianças de 5ª série.
Mas enfim, sendo grosso, permissivo com um dos filhos se dirigindo com desrespeito a um presidente de outro país, enfim.
O nível de respostas de um presidente deve ser muito mais que intelectual, mas com educação, sem grosseria.
O comportamento é de um imaturidade tremenda e está provado que não sabe lidar com a imprensa e seus críticos.
Ganhou uma eleição sem meu voto, mas é meu presidente sim porque estou em um país democrático.
É óbvio que não torço contra, mas esse comportamento não vai levar o país à construção alguma.
E para fechar, se manter este tom arrogante como tem sido, vai acabar como os outros políticos: tendo ojeriza não de parte da população, mas sim de grande parte.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
É só não atrapalhar!
Confira abaixo o editorial “É só não atrapalhar!”
O aumento da confiança do mercado e do cenário econômico sempre acontece a partir do momento que os ambientes interno, externo, de mercado e político se mostram mais estáveis.
Essa semana duas ações chamaram bastante atenção do cenário empresarial brasileiro.
A primeira e mais importante foi o acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul.
A ação deve zerar as tarifas de importação de veículos para o Brasil em até 15 anos. Vinhos europeus tendem a ficar até 30% mais baratos em até 12 anos.
A proposta é zerar os cerca de 91% de tarifas de alguns segmentos gradualmente na próxima década.
Embora o mundo viva uma mudança de modelo produtivo observando os serviços, tecnologia e cultura sendo os principais ativos frente uma economia mais suja e bruta como a automobilística, é natural que as condições de melhoria devem impactar não somente estes mercados específicos conforme citado, mas também todos que envolvem a cadeia produtiva dos mais diversos segmentos.
Equipamentos industriais, produtos químicos, roupas, produtos farmacêuticos, por exemplo, também terão suas tarifas eliminadas ao longo do tempo.
Ainda nesta semana, do dia 26 a 29 de junho, aconteceu a Feira da ABF – Associação Brasileira de Franchising.
O evento reuniu mais de 60 mil empreendedores e foi uma prova viva da procura e interesse do brasileiro em conhecer e naturalmente investir em negócios e franquias das mais variadas vertentes de marcas e setores.
Foram 407 marcas de exposição, sendo 128 estreantes. E ainda a novidade: 27 redes de franquia com investimentos de até 90 mil. Algumas com investimento inicial de R$ 10 mil.
A maior feira de franquias do mundo é brasileira e mostrou que nosso país além de criativo está ativo e interessado no desenvolvimento dos negócios.
Homens e mulheres, empresários e empresárias, se não fossem eles o país estaria no fundo do poço.
Ainda bem que os temos.
O país precisa do entusiasmo, criatividade e positividade de nossos empreendedores.
Os políticos brasileiros geralmente atrapalham os índices de confiança com suas falas e atuações mal colocadas e desastrosas, isso sem falar da corrupção que geralmente é característico de boa parte desta classe.
Com toda investigação de lava-jato, mudança de governos, instabilidades etc, mesmo assim o ambiente continua fértil e as pessoas apostando em dias melhores.
A classe política não precisa ajudar, porém, basta não atrapalhar que a economia deslancha com toda a certeza.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Sua indignação é seletiva?
Confira abaixo o editorial “Sua indignação é seletiva?”
Acredito que seja de comum acordo entre professores, profissionais da área de educação, mães, pais, gestores de empresas, religiosos, ateus, palmeirenses, corinthianos, enfim, que educação deveria ser encarada como prioridade.
A Coreia do Sul, após intenso período de guerra, era um dos países mais pobres do mundo na década de 60, e resolveu, a partir de então, tratar como prioridade a educação básica.
Eles valorizaram professores, o ensino e o sistema como todo investindo grande parte do PIB no setor.
Hoje o país é um dos líderes em tecnologia e economia, patentes de registro e produção de conhecimento.
Recentemente o presidente Jair Bolsonaro anunciou cortes na pasta de educação.
Ou melhor, vamos falar de “contingenciamento”, como ele declarou posteriormente.
É óbvio que não se pode concordar com isso!
Não votei nele, muito menos aprovo seu estilo estúpido, mas tento exercitar essa empatia de me colocar no lugar do mesmo.
Até porque acredito que administrar contas públicas ou privadas é preciso lidar com cálculos dos mais diversos.
Longe de ser unanimidade, o atual presidente goza ainda de apoio da maioria da população que o elegeu e isso é democrático.
E por mais desastrosas que possam parecer algumas atitudes, ele está fazendo aquilo que prometeu ao seu eleitor: cortar despesas, pautar o armamento, entre outras ações.
Os presidentes que passaram por estes país reduzem a verba das universidades públicas como se as mesmas não estivessem já passando por dificuldades. Algumas até estão sucateadas.
Quanto as questões ideológicas, das faculdades surgiram movimentos políticos importantes para a história do país, que precisam ser valorizados. E também é preciso uma auto-crítica das instituições que, em alguns casos, de espaço de discussão política se transformaram em filial de partidos políticos.
Voltando aos cortes na educação, uma pergunta: porque os cortes neste setor incomodaram tanto parte considerável da esquerda de hoje, mas, entretanto, não incomodou o mesmo grupo de esquerda quando o governo Lula promoveu o mesmo?
Outro exemplo: porque as contratações caríssimas de artistas da virada cultural promovidas pelo então prefeito Fernando Haddad em São Paulo incomodaram tanto a direita na época, mas agora, na virada cultural de 2019, que foi promovida pelo prefeito Bruno Covas, não causou a mesma estranheza?
Toco nesses assuntos para falarmos de algo muito importante.
A indignação neste país, quando se fala de política, é seletiva.
Corte na educação é um grande crime para a oposição. Mas para os governantes da situação é “ajuste fiscal”.
Virada cultural é falta de prioridade para qualquer oposição. Para o governo que promove é “promoção de cultura”.
Os nomes ficam bonitos quando eles defendem né?
Lembro quando Geraldo Alckmin se referiu a crise da água em São Paulo como “restrição hídrica”.
Termo e vocábulo maravilhoso, mas não para as pessoas estavam mais de uma semana sem água em casa em diversas regiões da grande São Paulo.
Esse filme vergonhoso já vimos em administrações de esquerda, direita e centro.
Sejam elas gestões de prefeitura, governos estaduais ou governo federal.
Enquanto a indignação dos brasileiros for seletiva e feita de palanque para ideologias de partidos e oportunistas, teremos sempre a certeza que somos apenas clubistas e fanáticos.
Nada politizados.
Infelizmente não temos políticos que pensam no país como se deveria e a educação, mais uma vez, passa longe de ser tratada com o devido respeito.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Cerveja, cigarro, propaganda ou governo. Quem é o vilão?
Confira abaixo o editorial “Cerveja, cigarro, propaganda ou governo. Quem é o vilão?”
O senador Styvenson Valentim (Pode-RN) é relator do projeto sobre proibição da propaganda das bebidas alcoólicas. A base do projeto foi o PLC 83/2015 que trouxe a proibição expressa da propaganda de álcool na mídia de massa.
Na proposta há outra iniciativa — a divulgação comercial desses produtos apenas por meio de pôsteres, painéis ou cartazes, dentro dos espaços de merchandising e pontos de venda.
O PLC 83/2015 levou, para essa mesma emenda, as restrições que deverão ajustar a propaganda de bebidas alcoólicas.
Além de não incentivar o consumo “abusivo” — caracterização acrescida pelo relator, essa divulgação não poderá associar o produto, mesmo que indiretamente, à prática desportiva, à condução de veículos, à sexualidade e ao sucesso; sem dirigir ou incluir crianças ou adolescentes; nem anunciar propriedades medicinais, relaxantes ou estimulantes.
Se aprovado, necessitará de 120 dias para ser colocado em prática.
Importante lembrar que o cigarro também teve sua propaganda proibida e regulada em meios de massa. Isso aconteceu em dezembro de 2000, com uma lei do sancionada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso.
Sem dúvidas trata-se de um assunto polêmico.
Até porque o produto cigarro é nocivo à saúde.
Todos os indicadores apontam gravidade e riscos dos mais diversos para as pessoas que estão dependentes deste produto. São mais de 4 mil substâncias químicas.
O cigarro mata cerca de 7 milhões de pessoas por ano no mundo segundo a Organização Mundial da Saúde. 900 mil pessoas morrem por inalar estes gases tóxicos.
Com 20 milhões de fumantes no Brasil, foi percebida uma queda de 36% de consumo do cigarro na última década e muito se deve a nova regulação.
No que tange à propaganda, na época, tínhamos um mercado pujante em exploração. Outdoor, patrocínios de carros de fórmula 1, televisão, rádio e tantos outros meios com marcas de cigarros das mais diversas.
Já em relação ao uso abusivo de álcool, o mesmo mata cerca de 3,5 milhões de pessoas por ano segundo a OMS.
Globalmente, estima-se que 237 milhões de homens e 46 milhões de mulheres sofram de problemas relacionados ao consumo de álcool com a maior prevalência na Europa (14,8% e 3,5%, respectivamente) e na Região das Américas (11,5% e 5,1%, respectivamente).
Problemas estes ligados à violência do trânsito, agressões, brigas e acidentes dos mais diversos.
Toda redução é positiva, mas também é curiosa.
O governo entra na jogada, permite a venda do produto, contanto que o produto tenha descrições em seus rótulos como a dependência, apresentação obrigatória dos possíveis cânceres a serem causados, impotência e outros malefícios.
O contraponto é que está em nossa Constituição Federal, claramente, quando se aborda sobre os produtos nocivos à saúde, que os mesmos não podem ser comercializados.
Têm-se um problema tão grave que envolve saúde pública, porque então não discutimos parar de vender um produto que causa tanto mal à sociedade?
Talvez a resposta esteja exatamente no fato de que a indústria de cigarros e do álcool ainda recolhem um importante montante de impostos para a máquina pública.
Regular a publicidade se necessário não é problema algum.
O problema está na hipocrisia do governo que, se pudesse, o regularíamos.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.
Não “Temer” a faxina!
Confira abaixo o editorial “Não “Temer” a faxina!”
Desde os tempos da descoberta do Brasil que o “jeitinho brasileiro” sempre fez parte da realidade política e das relações de nosso povo.
Recentemente foi preso mais um ex-presidente, Michel Temer, aquele que era vice e depois virou definitivo após o processo impeachment de sua antecessora. Movimento este realizado inclusive sob o seu consentimento.
O MDB, Movimento Democrático Brasileiro, tão forte e conhecido na época das “Diretas Já”, na década de 80, se transformava em um ícone da nova política.
Ulysses Guimarães (morto em um acidente de helicóptero em 1992), Tancredo Neves (eleito presidente e morto antes de assumir o cargo em 1989) e Franco Montoro eram os principais figurões, líderes e atuantes em um momento borbulhante da política brasileira.
O MDB, que depois se transformou no Partido Democrático Brasileiro, e que recentemente voltou a se chamar MDB, sempre ocupou o patamar de maior partido brasileiro, com forte representação em todos os estados.
Conhecido por ter muitos líderes prefeitos em grandes e pequenas cidades Brasil afora, o MDB sempre esteve envolvido nas principais negociações na esfera política. Todas sempre passaram por seu crivo e de seus caciques.
José Sarney, o vice de Tancredo, que assumiu a presidência em seu lugar, sempre esteve diante das grandes negociações de coligações e acordos políticos. Isso também mesmo após seu período como presidente e posteriormente como líder no senado.
Com investigações de corrupção até dizer chega, José Sarney, Renan Calheiros, Jader Barbalho, Romero Jucá e tantos outros caciques, ficaram bem conhecidos e expostos pela opinião pública por envolvimento em questões ligadas à ética e esquemas de corrupção nas gestões do PT e outros partidos.
Todavia, não é de hoje que operadores do PMDB foram responsáveis por muitos dos trabalhos sujos nas coligações. Entenda trabalho sujo como negociata, comissões, caixa 2 etc. Seja em gestões do PSDB, PT, entre tantas outras siglas, o PMDB sempre foi governo, sempre foi situação.
Temos agora um ex-vice-presidente (do País e deste partido) preso por corrupção e acusação de operar esquemas nos bastidores.
Michel Temer, vice de Dilma, foi presidente da Câmara dos Deputados durante anos, teve fortes ligações com Eduardo Cunha (preso desde 2016), que também foi uma das figuras mais contraditórias e questionáveis no ponto de vista moral entre bastidores do poder.
O país vive uma situação pouco orgulhosa pelo fato de tantos figurões da política estarem atrás das grades. Ex-presidentes, ex-governadores, ex-ministros, a lista é grande.
Lula, Michel Temer, Eduardo Cunha, Sergio Cabral, José Dirceu, Paulo Maluf (hoje solto), Beto Richa e uma infinidade de nomes que não acaba mais.
Porém, de outro lado, dá uma satisfação danada ver que temos um poder de inteligência, investigação e justiça mais férteis que no passado, onde pouco ou quase nunca víamos cenas como essas que hoje se tornaram rotina.
Para o bem da nação, que a limpeza da lava-jato continue e que venham os próximos.
Antonio Gelfusa Junior é publicitário e editor-chefe das publicações impressas e online do Grupo Raiz.